O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta quarta-feira (29/5) que o arroz importado que será comprado e repassado de forma subsidiada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aos comerciantes deverá chegar às prateleiras dos supermercados em 30 ou 40 dias.
Em entrevista a uma rede de rádios transmitida pela EBC, Fávaro disse que a Conab vai publicar ainda nesta quarta-feira o edital de compra das primeiras 300 mil toneladas de arroz estrangeiro. O prazo de entrega do cereal, segundo ele, será de 90 dias, pois considera a distância e demora para receber cargas possivelmente enviadas da Ásia, de países como a Tailândia.
“A ideia é que o edital saia com prazo de 90 dias a primeira compra. Serão 300 mil toneladas, mas gradativamente, depende de quem será o vendedor. Da Ásia demora mais pra chegar”, disse na entrevista. Fávaro disse que, com a retirada da Tarifa Externa Comum (TEC) para a importação de outros países, ele espera uma redução no preço do arroz do Mercosul.
“Hoje deve sair o edital de compra e nós vamos, gradativamente, controlando essa compra, abastecendo o mercado, mantendo os preços em níveis razoáveis para a população e estimulando também a produção”, apontou.
Fávaro criticou a especulação de preços a partir do anúncio do primeiro leilão, de 100 mil toneladas, que foi suspenso recentemente. Ele disse que ficou “chateado” com o movimento ocorrido nos países do Mercosul.
“Já estamos recebendo arroz da Tailândia pagando imposto. Sem a tributação, vai ser mais competitivo o arroz asiático e Acho que o próprio Mercosul vai ter consciência de que, se quiser especular, vai vir de outro lugar, e os players do Mercosul devem vender um pouco disso e imediatamente começa a chegar”, disse Fávaro.
“Chega com preço destinado (de R$ 4 por quilo), pois tem subvenção do governo, para controlar esse exagero de preços, a especulação financeira, de [aumento de] 30% a 40% em 30 dias, não é concebível. E deve chegar nas gôndolas dos supermercados, acredito, que em 30 a 40 dias já deve estar chegando”, completou.
Recentemente, o ministro da Agricultura do Uruguai, Fernando Mattos, rebateu esse tipo de crítica. “O Uruguai não especula. O Uruguai é tomador de preços, porque quem fixa o preço é o mercado internacional de arroz. Este nível alto de preços já vinha se verificando há muito tempo”, disse ele, de acordo com o jornal uruguaio, El Observador.
Os ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Fazenda publicou ontem a portaria que regulamenta a aquisição de até 300 mil toneladas de arroz importado pela Conab. Com isso, a estatal deverá publicar nesta quarta-feira o aviso de compra pública, com mais detalhes da operação.
Fávaro disse que não haverá “racionamento” ou “controle” da quantidade de arroz que o consumidor final poderá comprar. Ele reforçou que o produto será identificado com a logomarca do governo federal, mas disse que a ação está “longe” de ser uma intervenção.
“É algo natural, o mercado volta aos patamares que estava, acabou a especulação. Se tem alguém especulando, mas tem o governo atendendo com preço justo, o mercado vai voltar para o preço justo. Não queremos afrontar ninguém. Longe de ter qualquer intervenção. O Brasil produz cerca de 10,5 milhões de toneladas de arroz, não são 300 mil toneladas que vai fazer intervenção no mercado, mas vai balizar, não vai deixar ter especulação no mercado”, acrescentou.
O ministro disse que o governo sabe que o Rio Grande do Sul tem “estoque suficiente para abastecer o Brasil“, independentemente da tragédia que ocorreu no Estado, mas que a dificuldade logística e de emissão de notas fiscais para escoar o produto gaúcho para os centros consumidores podia gerar “vulnerabilidade no mercado”.
Fávaro culpou a onda de “fake news” de que iria faltar arroz no país pela corrida dos consumidores aos supermercados, o que gerou um princípio pontual de desabastecimento.
“As pessoas começaram a correr para comprar o que não precisava, começou a desabastecer, apareceram os aproveitadores, que suspenderam as vendas e começaram a aumentar os preços”, disse. “Não é o produtor que fez isso”.
O ministro reforçou que não há qualquer risco de desabastecimento de arroz ou de outro produto agrícola no Brasil. Ele disse que possivelmente não será necessário importar 1 milhão de toneladas do cereal, mas que a compra pública baliza preços no mercado.
“Não temos, em hipótese nenhuma, risco de desabastecimento e falta de produto”, afirmou.
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