O cantor Morten Harket, 65, vocalista da banda de rock a-ha, revelou aos fãs que foi diagnosticado com a Doença de Parkinson. Conhecido por dar vida a hits como “Hunting High and Low”, “The Sun Always Shines on TV” e “You Are the One”, o artista citou que “os problemas com a minha voz são um dos muitos motivos de incerteza quanto ao meu futuro criativo”.
Em entrevista à CNN, Mateus Aires, médico otorrinolaringologista e membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (Aborl), a Doença de Parkinson é marcada por alterações motoras globais que afetam todo o corpo, incluindo a musculatura envolvida na fala. Entre os principais sintomas estão rigidez muscular, lentificação dos movimentos, incoordenação e uma redução da percepção corporal, na qual o paciente passa a ter dificuldade em perceber onde estão suas partes do corpo e como elas estão se movendo.
“Esses fatores impactam diretamente na fala, que é um mecanismo corporal extremamente complexo. Ela envolve músculos, nervos, articulações e centros cerebrais especializados. Por isso, o Parkinson pode sim afetar a voz de maneira significativa”, afirma o especialista.
Os sintomas vocais mais comuns em pacientes com Parkinson incluem:
- Fala monótona: o paciente perde a capacidade de variar a entonação e o volume da voz, o que prejudica a expressividade.
- Baixo volume vocal: a voz se torna mais fraca por conta da redução do tônus muscular, inclusive nas cordas vocais.
- Articulação imprecisa: fica mais difícil pronunciar as palavras com clareza.
- Tremor vocal: Assim como em outras partes do corpo, o tremor pode atingir a musculatura da laringe, tornando a voz trêmula.
O cantor terá que conviver com a doença de Parkinson pelo resto da vida, mas em junho de 2024, Morten foi submetido a um procedimento neurocirúrgico chamado de Estimulação Cerebral Profunda (DBS), no qual eletrodos foram implantados profundamente no lado esquerdo do cérebro e apresentaram melhora nos sintomas físicos do astro. Já em dezembro do ano passado, ele foi submetido a um procedimento semelhante no lado direito do cérebro, que também foi bem-sucedido.
Aires exalta, no entanto, que os efeitos do DBS na voz ainda não são totalmente compreendidos.
“O DBS já está bem consolidado para tratar os sintomas motores do Parkinson, mas quando falamos da voz, os resultados são variáveis. A voz depende de ajustes motores muito mais finos, além de envolver áreas sensoriais complexas no cérebro. Por isso, os efeitos da estimulação não são tão previsíveis nesse aspecto”, explica.
Atualmente, o tratamento mais eficaz para os problemas vocais em pacientes com Parkinson é a fonoterapia especializada.
Antes de iniciar o tratamento, é essencial que o paciente seja avaliado por um otorrinolaringologista com exame de videolaringoscopia. “Só com esse exame é possível entender exatamente o que está acontecendo nas cordas vocais e indicar o tratamento mais adequado”, reforça o médico.