Nesta segunda-feira (14/10) comemora-se o Dia Nacional da Pecuária. Mais 4 milhões de propriedades rurais dedicam-se à atividade no Brasil, das quais cerca de 75% são de base familiar e têm área de até 500 hectares, segundo dados do Censo Agropecuário, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O país tem o maior rebanho bovino para fins comerciais do mundo. De acordo com a edição mais recente da Pesquisa da Pecuária Municipal, que o IBGE divulgou em setembro, o rebanho bovino brasileiro cresceu 1,6% em 2023 e chegou a 238,6 milhões de cabeças, um recorde na história do levantamento, que existe há 50 anos.
Embora inclua também a criação de outros animais, como caprinos e ovinos, no Brasil, o maior destaque na pecuária é a bovinocultura de corte e leite. Os primeiros lotes de bovinos chegaram ao país no início do século XVI. Os portugueses embarcaram os animais nas ilhas de Cabo Verde para usá-los como apoio à exploração do açúcar no Brasil.
Com o passar dos anos, a pecuária expandiu-se de maneira acelerada – estima-se que no início do século XVII o Brasil já tinha um rebanho de 1,5 milhão de cabeças. A multiplicação dos animais levou a Coroa portuguesa a redigir, em 1701, uma carta régia em que proibiu a criação de gado a dez léguas (o equivalente, no período colonial, a 66 quilômetros) da costa.
Com a medida, a intenção do governo português era preservar as monoculturas de cana-de-açúcar no litoral brasileiro, mas o como o decreto fez a criação se deslocar para o interior do país, ele acabou sendo um movimento-chave para a ocupação desses territórios. No Sul, foram missões de padres jesuítas as responsáveis por introduzir as primeiras criações na região dos pampas, formação vegetal com ampla variedade de pastagens nativas.
Força política e econômica
Como força motriz de atividades como bandeiras, mineração e agricultura, além de fornecedora de alimento, a pecuária ganhou força política e econômica. Já nos primeiros anos da República, pecuaristas e representantes da cafeicultura ditaram os rumos do país como nenhum outro grupo: foi o período que se batizou de “política do café-com-leite”, quando, ao longo de 40 anos, as oligarquias de São Paulo, que então dominavam a cafeicultura, e de Minas Gerais, Estado que já nessa época era o líder nacional na produção de leite, se revezaram no governo federal.
Foi só a partir da década de 1960 que pecuária brasileira começou a ganhar os contornos atuais, como relembra o pesquisador José Bernardo de Medeiros Neto, autor do livro “Desafio à Pecuária Brasileira”. Nesse período, surgiram políticas públicas específicas para o segmento, entre as quais o apoio à introdução de novas raças e ao aumento da produção de carne no país.
Hoje, a pecuária representa 1,2% do produto interno bruto (PIB) nacional – o valor bruto de produção (VBP) do segmento foi de R$ 135,7 bilhões em 2023. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção brasileira de carne bovina crescerá 7,4% em 2024, para 10,2 milhões de toneladas, o segundo maior volume da série histórica.
Além de deter o maior rebanho de gado para fins comerciais, o Brasil é também o maior exportador mundial de carne bovina. O país vendeu 3 milhões de toneladas do produto ao mercado externo em 2023 e, neste ano, os embarques deverão crescer 17,8% e chegar a 3,6 milhões de toneladas, projeta a Conab.