O custo da alimentação caiu nos confinamentos de bovinos do país ao longo do primeiro semestre deste ano, refletindo sobretudo as cotações mais baixas do milho no mercado. E a tendência é recuar ainda mais até o fim de 2024, o que pode tornar a terminação intensiva mais atrativa para os pecuaristas.
No Centro-Oeste, o Índice de Custo Alimentar Ponta (ICAP), calculado pela empresa de tecnologia pecuária Ponta, baixou 2,77% entre janeiro e junho, para R$ 14,06 por cabeça ao dia. No Sudeste, o recuo foi de 6,13% no período, para R$ 11,34.
De acordo com Paulo Dias, CEO da Ponta, o indicador se mostrou muito sensível às flutuações das principais commodities, e a queda de 12,11% na cotação do milho no mercado interno em 2024 impactou na redução do custo das diárias.
“Isso também quer dizer que o pecuarista não está tão bem estocado [em milho], e isso é algo novo na pecuária, principalmente no primeiro semestre”, disse.
Apesar de o milho ser um dos principais ingredientes da ração, no Sudeste, onde o sistema é mais intensivo, outros insumos também pressionaram as despesas. De acordo com a análise, o preço do milho grão seco caiu 15,27% no semestre, a casca de soja baixou 12,06%, o caroço de algodão recuou 11,42% e a torta de algodão, 10,42%.
“Temos um perfil animal diferente e ingredientes diferentes nessas duas principais regiões de confinamento”, afirmou Dias.
Para o intervalo de julho a dezembro, o especialista estimou, com base nos preços futuros, que a arroba deve ter valores mais altos, enquanto o milho tende a recuar com a colheita da segunda safra brasileira e o cenário de oferta global elevada. “Nessa conjuntura, vejo que o mercado [de confinamento] vai estar mais animado”, disse.
Retorno dos lucros
Walter Patrizi, gerente de confinamento da dsm-firmenich, acredita que, depois de uma crise nos anos de 2022 e 2023, o confinamento voltará, de fato, a dar lucro a partir do fim de 2024. A virada no ciclo pecuário prevista para 2025 deve enxugar a oferta de gado, elevar os preços da arroba, e contribuir para um cenário mais favorável para a terminação intensiva.
“Acho que a perspectiva para esse curto prazo, no segundo giro de confinamento, é positiva. E ano que vem, a expectativa é conseguir entregar resultados nessa ordem, de 10% a 15% de lucro, algo como 1 a 2 arrobas de lucro por cabeça, o que é bem interessante”, disse Patrizi.
Com base em uma análise de viabilidade de confinamento, que mensura 12 Estados, Patrizi destaca que Paraná e Mato Grosso do Sul destoam dessa perspectiva otimista de resultado, e têm condições piores. Por outro lado, Mato Grosso e Goiás têm desempenhos considerados muito bons.
A crise na atividade nos últimos anos foi reflexo de um cenário de arroba bovina em queda e preços do milho em alta.
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