O ICMbio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) abriu procedimento administrativo interno para apurar a causa e a origem do incêndio que atingiu o Parque Nacional do Itatiaia na última sexta-feira (14), dia em que a unidade de conservação completou 87 anos.
Cerca de 200 hectares foram atingidos. A direção da unidade de conservação afirma que o fogo está controlado, mas ainda não extinto.
O Incêndio começou em um área conhecida como Morro do Couto, onde 415 militares da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) faziam treinamento.
O Exército informou que está à disposição para contribuir com a investigação.
De acordo com o ICMBio, o local onde teve início o incêndio foi isolado. A apuração vai identificar vídeos das câmeras de monitoramento da região e mapeamento da área com o uso de drone com câmera de infravermelho.
Imagens de câmera do próprio parque nacional mostram os veículos do Exército deixando o local após o início do fogo.
De acordo com informações da Aman, 415 cadetes realizavam na parte alta do parque o Estágio Básico do Combatente de Montanha, atividade prevista para a formação do oficial.
Ainda de acordo com o Exército, os militares identificaram o foco do incêndio e começaram o combate. Porém, o vento forte e a vegetação seca fez o fogo se alastrar rapidamente.
O Exército informou que as viaturas que participavam do exercício foram retiradas do local por questão de segurança. E acrescentou ter mobilizado o apoio ao Parque Nacional do Itatiaia com um efetivo de 100 militares da Brigada de Combate a Incêndio da Aman, viaturas cisternas com água, cozinhas móveis para confecção de refeições para as equipes, aeronaves para transporte de militares para a região do incêndio, bem como para transporte de água até os focos do incêndio.
Seguem no local 73 combatentes, entre agentes do Ibama, ICMBio, Corpo de Bombeiros e militares do Exército. A operação conta ainda com dois helicópteros e caminhões pipa.
O trabalho de combate ao fogo é dificultado porque ocorre em área acima de 2500 metros de altitude. Além disso, a baixas temperaturas também aumentam o desafio dos brigadista. Nesta terça-feira, a região chegou a registrar a menor temperatura do país: – 11⁰C.
Perdas
De acordo com o ICMbio, as perdas causadas pelo incêndio são difíceis de dimensionar, com impacto na fauna e flora. “Além da perda da biodiversidade com espécies raras e endêmicas, que muitas desconhecemos, há impactos cumulativos e de longo prazo que ainda não conseguimos prever”, disse Felipe Mendonça, gestor do Parque Nacional do Itatiaia.
O incêndio causou impacto à paisagem e à visitação, além de ter degrado trilhas e áreas de escalada.
“Outro aspecto importante é a perda de solo. Os solos das áreas de montanha são fortemente afetados por incêndios florestais, especialmente pelas altas declividades que favorecem a formação de processos erosivos com a ação dos ventos e das chuvas’,
O primeiro parque nacional do Brasil abriga na parte alta o Pico das Agulhas Negras, o quinto mais alto do Brasil, com 2.790,94 metros, segundo o IBGE. Localizado na divisa entre Rio e Minas, o ponto culminante no estado fluminense, e o terceiro no território mineiro.
Grandes incêndios no Parque Nacional do Itatiaia
- 1963: 4 mil hectares, 35 dias de fogo, maior incêndio da história
- 1988: 3.100 hectares (servidor desaparecido)
- 2001: mais de 1mil hectares, provocado por dois turistas que se perderam e fizeram uma fogueira
- 2007: mais de 1 mil hectares
- 2010: 1.200 hectares
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