O tarifaço dos Estados Unidos tem exposto uma fragmentação na direita e a disputa pelo espólio eleitoral de Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível até 2030, segundo o entorno do próprio ex-presidente.
Apesar da situação jurídica do ex-presidente, o Partido Liberal mantém a defesa de que Bolsonaro será o candidato ao Palácio do Planalto nas eleições de 2026 — ainda sob risco de prisão do ex-presidente. Ao mesmo tempo, a disputa interna pelo espólio político de Bolsonaro se intensifica dentro do campo da direita.
Um dos principais nomes cotados para herdar o protagonismo bolsonarista é o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente.Play Video
A sucessão familiar tem a simpatia de Jair Bolsonaro, mas provoca divergências. Eduardo enfrenta resistência entre políticos de direita.
Nas redes sociais, Eduardo tem feito críticas públicas a nomes representativos do espectro político, incluindo ex-ministros do governo do próprio pai.
Parte da direita avalia que Eduardo erra ao apoiar o tarifaço americano e ao disparar contra quem tenta algum acordo.
Além disso, Eduardo é alvo de investigação da Polícia Federal por suspeita de tentativa de obstrução de Justiça. Caso seja condenado, ele também poderá ficar fora da disputa eleitoral.
Por outro lado, o entorno dele alega que a política é feita de momento: pode até ser mais criticado. Mas, se conseguir uma sanção a Alexandre de Moraes, por exemplo, se fortalecerá.
As recentes movimentações do PL para proteger o núcleo político de Bolsonaro têm provocado um afastamento do partido perante o Centrão no Congresso Nacional.
Com o recesso parlamentar, a legenda busca analisar melhor as estratégias para o segundo semestre.
Enquanto isso, governadores de direita que pretendem concorrer ao Planalto se articulam para formular uma resposta ao tarifaço, pressionados pelos compromissos econômicos com o setor produtivo de seus estados.
Na quinta-feira (24), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), disse ser “100% contra o tarifaço” e defendeu uma mobilização entre os governos estaduais para fazer frente à estratégia de enfrentamento lulista.
Ainda assim, evitou tratar diretamente do cenário eleitoral.
A posição de Caiado é semelhante à do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que também falou à CNN e evitou discutir as eleições do próximo ano. “Se os governadores puderem somar, contribuir, estamos à disposição.”
Já o governador de São Paulo e presidenciável, Tarcísio de Freitas (Republicanos), agora evita rebater todas as críticas de Eduardo e se envolver diretamente na crise do tarifaço.