O Supremo Tribunal Federal (STF) começou esta semana a ouvir uma série de depoimentos de testemunhas do ex-ministro da Justiça Anderson Torres no âmbito da investigação de uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
Nesta quinta-feira (29), a pedido da defesa de Torres, a partir das 8h, seis pessoas serão ouvidas – das quais cinco já geriram ministérios no governo de Jair Bolsonaro (PL):
- Bruno Bianco, ex-advogado-geral da União
- Paulo Guedes, ex-ministro da Economia
- Celio Faria, ex-ministro chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República
- Wagner Rosário, ex-ministro da Controladoria-Geral da União
- Adler Anaximandro Cruz e Alves, ex-procurador federal
- Adolfo Sachsida, ex-ministro de Minas e Energia
O único que não tinha uma vaga na Esplanada durante o governo anterior era Adler Anaximandro Cruz e Alves. Adler era procurador federal e chegou a ser exonerado da Advocacia-Geral da União (AGU) após ele ter sido constatado que ele participou de uma reunião ministerial em julho de 2022 que supostamente discutia supostamente meios de implementação do golpe.
Torres, que foi posteriormente secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, já esteve preso por acusação de conivência nos atos de 8 de janeiro de 2023. A Polícia Federal (PF) afirma ter encontrado em sua casa uma “minuta de golpe”.
Torres foi denunciado pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Durante as oitivas, todos os advogados de defesa podem questionar as testemunhas, mesmo as que não tenham sido arroladas pelo réu que defendem.
Depoimentos anteriores
Na quarta-feira (28), outros nomes arrolados pela defesa de Torres foram ouvidos pela Corte.
O ministro e relator do caso, Alexandre de Moraes, chegou a repreender uma das testemunhas — Antonio Ramiro Lourenzo, ex-secretário executivo do Ministério da Justiça, após dizer que só escutava a palavra “golpe” na mídia.
Outro depoimento, dessa vez do servidor da Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) Rosivan Correia de Souza, também incomodou o magistrado.
Rosivan tentou minimizar o poder de Torres sobre o comando da Polícia Militar da capital federal quando ele comandava a pasta de Segurança Pública.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, questionou se de fato não havia hierarquia entre a secretaria e a Polícia Militar. A fala recebeu uma intervenção dos advogados do ex-ministro da Justiça, que argumentaram que a relação entre as duas instituições não seria se subordinação, mas de vinculação.
“Eu fui secretário de Segurança. Há relação de total subordinação. O secretário de Segurança comanda a Polícia Militar e a Polícia Civil”, afirmou Moraes durante a audiência.
Alexandre de Moraes ocupou a SSP de São Paulo durante a gestão do ex-governador e hoje vice-presidente, Geraldo Alckmin, em 2014.