Milhões de estudantes inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) farão as provas em 9 e 16 de novembro, exceto os participantes de Belém, Ananindeua e Marituba, no qual o exame será realizado em 30 de novembro e 7 de dezembro. Com leitura, treino e estratégia, candidatos de todo o país se preparam para enfrentar o grande desafio da redação: a proposta de intervenção no tema. Segundo a cartilha A Redação do Enem 2025 — Cartilha do Participante, publicada pela primeira vez pelo Ministério da Educação (MEC), a conclusão deve ser concreta e específica.
“A proposta de intervenção precisa estar relacionada ao tema e integrada ao seu projeto de texto (…) é necessário que a intervenção apontada responda aos problemas abordados por você, mostrando-se articulada ao seu projeto de texto”, afirma o documento.
A cartilha ressalta que, para construir uma proposta muito bem elaborada, o candidato deve apresentar uma conclusão concreta e específica, contemplando os seguintes elementos, que podem ser pensados como respostas a seis perguntas-chave: “O que é possível apresentar como solução para o problema?; Que ação deve ser tomada para que a solução seja alcançada?; Quem deve executá-la?; Como viabilizar essa solução?; Qual efeito ela pode alcançar?; e Que outra informação pode ser acrescentada para detalhar a proposta?”
Para Anna Júlia Lopes, 18 anos, a dificuldade da conclusão está na necessidade de detalhamento. “Como é uma parte muito detalhada e não pode faltar nada, porque a proposta de intervenção tem que ser completa, tem que ser redondinha, é a parte que eu acho mais difícil de fazer”, pontua a estudante. A jovem almeja ser aprovada no curso de relações internacionais na Universidade de Brasília e dedica boa parte de sua rotina à leitura. “Quando eu leio, consigo ter mais repertório para citar nas redações e melhorar meu vocabulário e a gramática. Quanto mais eu leio, mais internalizo as regras que não consigo decorar”, explica.
A mesma dificuldade é compartilhada por Ana Giulia Leal, 17 anos, que pretende cursar direito ou jornalismo. “Para mim, o mais desafiador na hora da redação é a conclusão, porque principalmente na hora de conectar ideias e propor uma solução bem desenvolvida”, conta Ana. A preparação da estudante conta com cursinhos preparatórios no noturno, com aulas diárias, e um ritmo de prática semanal, fazendo “cerca de uma redação por semana” ou pelo menos duas a três redações no mês.
Temas possíveis
Outra preocupação dos candidatos é o tema da redação do Enem. De acordo com a professora Sidineia Azevedo Rocha, coordenadora de Redação e Gramática do Sistema de Ensino Bernoulli, tradicionalmente, a prova privilegia assuntos sociais, ligados à cidadania, inclusão e direitos humanos. “A redação frequentemente aborda uma minoria que é invisibilizada e que precisa ser analisada, impulsionando a necessidade de debate e de políticas públicas”, afirma a docente. Para este ano, a especialista acredita que o tema irá abordar algo voltado para a inteligência artificial, à criança e ao adolescente ou idosos e ao letramento digital.
Todavia, a preparação para a redação não deve se limitar a “adivinhar” o tema. Para esta reta final, a professora Sidineia orienta que o estudante intensifique os treinos buscando temas que ele ainda não trabalhou e que faça uma revisão estratégica dos textos já escritos, relendo-os e marcando com um marcador os repertórios que utilizou para que esses conhecimentos fiquem “fresquinho na cabeça” na hora da prova.
A professora também ressalta para a necessidade de repertório cultural atualizado, capaz de argumentar a temática abordada na prova. Ela chama atenção para o maior rigor na avaliação no uso de ‘repertório de bolso’ — “expressão usada para se referir a referências prontas, memorizadas e frequentemente utilizadas pelos(as) participantes, de forma genérica e pouco aprofundada, sem uma conexão genuína com o tema proposto”, conforme definição da cartilha do Enem. De acordo com o documento, o uso deste tipo de repertório poderá resultar na perde de 80 a 120 pontos na na Competência II.
Já no dia da prova, a especialista chama atenção para a importância do gerenciamento de tempo. Ela recomenda que o candidato inicie a prova lendo a proposta de redação e os textos motivadores e, em seguida, comece a resolver as questões objetivas, usando esse tempo para planejar o seu texto. Somente após ter um plano de texto consistente, ele deve ir para o rascunho e, depois de finalizá-lo, retornar às questões objetivas. “Esse afastamento ou distanciamento do rascunho é essencial, pois facilita a percepção de falhas ou lacunas argumentativas antes que o texto seja passado a limpo”, enfatiza a docente.
O cartão de confirmação com os dados, como número de inscrição, data, hora e local das provas, já está disponível a Página do Participante. A recomendação é que o participante imprima o documento e leve no dia da prova, embora a apresentação não seja obrigatória.
Fonte: Correio Braziliense






