Após a boa notícia do reconhecimento do status sanitário do Brasil como país livre de aftosa sem vacinação, o mês de maio se encerra com preços firmes no mercado pecuário. Nesta sexta-feira (30/5), foram registrados, inclusive, aumentos de preços pagos pela arroba do boi gordo em algumas regiões do país.
Das 32 praças pecuárias analisadas pela Scot Consultoria, as cotações do boi gordo ficaram estáveis em 24 nesta sexta-feira. Em sete delas, houve até aumentos de preços: Belo Horizonte (MG); Dourados (MS); Cuiabá (MT); norte, sudeste e sudoeste de Mato Grosso; e Redenção (PA). Apenas o oeste do Maranhão registrou queda nos valores.
Nas praças de Araçatuba e Barretos, referências para o mercado de São Paulo, a cotação da arroba do boi gordo ficou estável, a R$ 302 para pagamento em 30 dias. As escalas de abate estão, em média, para sete dias.
Segundo a Scot, a oferta de bovinos seguiu satisfatória, mas começou a apresentar indícios de recuo, possivelmente por conta dos vendedores esperando preços melhores, ação que pode não surgir efeito por conta da entressafra de capim.
Com preços estáveis, o movimento indicou possível melhora na demanda por carne bovina, o que sustentou as cotações e manteve os compradores ativos, mesmo com a oferta de bovinos.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) destaca que o cenário é de preços mais firmes em meio à queda de braços acirrada entre pecuaristas e frigoríficos. “Como as indústrias têm grande parte das escalas preenchidas com animais de contrato, continuam em situação confortável. Mas, nas ocasiões em que precisam comprar no mercado de balcão, encontram resistências de muitos produtores, principalmente aqueles que têm lotes maiores, homogêneos, padrão exportação, que firmam suas ofertas e não cedem à pressão dos compradores”, destaca o Cepea.
De acordo com o Cepea, o frio mais intenso ainda não está motivando o aumento das ofertas de gado. “Muitas regiões ainda têm boas pastagens, e o pecuarista costuma ser otimista e tem acreditado que os preços possam voltar a subir”, afirma o Centro de Estudos.
Além disso, conforme o período de estiagem vai avançando, aumenta o interesse por confinamentos. O Cepea destaca que, neste ano, o volume já posto em confinamento é bem maior que no ano passado. Conforme cálculo da equipe FarmTell da DSM/Tortuga, em maio, a ocupação está 36,7% acima da observada em 2024.
Esse volume reforçado em confinamentos terá impacto sobre a oferta de animais e disponibilidade de carne bovina, tanto para exportação quanto para os brasileiros em julho e agosto.
Em relação à carne bovina, no atacado da grande São Paulo, os varejistas começam a se abastecer para as vendas do começo do mês. Como o volume ofertado e a procura estão bem alinhados, os preços têm se mantido praticamente os mesmos. Representantes de frigoríficos ouvidos pelo Cepea estão afirmando que a carne começa a ter reajuste para cima.