Um novo estudo sugere que os humanos podem estar inalando cerca de 68 mil microplásticos por dia presentes no ar de suas casas e carros. O trabalho, realizado por pesquisadores da Universidade de Toulouse, na França, foi publicado nesta quarta-feira (30) na revista Plos One.
Os microplásticos são fragmentos de polímero que podem variar de menos de 5 milímetros (0,2 polegada) até 1 micrômetro (1/25 mil de polegada). Eles são liberados de objetos feitos com plástico, como potes, embalagens, tecidos, entre outros.
Diversos estudos já mostraram que a água, alimentos e, até mesmo, órgãos humanos podem estar contaminados com essas partículas. Também já foram encontradas evidências de que os microplásticos podem estar suspensos no ar em uma ampla variedade de ambientes internos e externos. Tudo isso levantou preocupações dos cientistas a respeito dos potenciais efeitos na saúde relacionados à penetração dos microplásticos no corpo humano.
Para compreender melhor essa questão, pesquisadores do atual estudo coletaram amostras de ar de seus próprios apartamentos e carros. Usando uma técnica chamada espectroscopia, eles mediram as concentrações de microplásticos, incluindo aqueles de um a 10 micrômetros de diâmetro, em 16 amostras de ar.
Os pesquisadores descobriram que a concentração média de microplásticos detectados nas amostras de ar dos apartamentos era de 528 partículas por metro cúbico, e nos carros, 2.238 partículas por metro cúbico. Noventa e quatro por cento das partículas detectadas eram menores que 10 micrômetros.
Os autores, então, combinaram os resultados do estudo com dados publicados anteriormente sobre exposição a microplásticos em ambientes fechados, estimando que adultos inalam cerca de 3,2 mil partículas de microplástico por dia na faixa de 10 a 300 micrômetros de diâmetro, e 68 mil partículas de 1 a 10 micrômetros por dia — 100 vezes mais do que estimativas anteriores para exposições de pequeno diâmetro.
“Descobrimos que mais de 90% das partículas de microplástico presentes no ar interno, tanto em residências quanto em carros, eram menores que 10 µm, pequenas o suficiente para serem inaladas profundamente nos pulmões”, afirmam os pesquisadores.
“Este também foi o primeiro estudo a medir microplásticos no ambiente da cabine do carro e, no geral, detectamos concentrações internas até 100 vezes maiores do que as estimativas extrapoladas anteriormente, revelando o ar interno como uma importante e até então subestimada via de exposição à inalação de partículas finas de microplástico”, completam.
As descobertas sugerem que os riscos à saúde devido à inalação de microplásticos podem ser maiores do que se pensava anteriormente. Por isso, mais pesquisas são necessárias para confirmar e expandir esses achados.