A principal entidade representativa do agronegócio no país, a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), traça cenários sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China e avalia um acordo entre as duas maiores potências do mundo como o “pior caso” para o Brasil.
Diretora de relações internacionais da entidade, Sueme Mori disse em à CNN que são projetados pela CNA três cenários: manutenção ou intensificação das tarifas entre China e EUA, em patamar que torna o comércio impraticável; redução das taxas a 10%; ou um acordo de compras entre os países.
“O terceiro cenário seria o que aconteceu em 2018, em que houve um acordo de compras. O pior cenário que a gente vislumbra para o Brasil seria o do acordo de compras. Isso geraria uma demanda que hoje não existe entre os países. E isso geraria um desvio de comércio prejudicial ao agro brasileiro”, comentou.
Um dos pontos centrais do acordo de compras firmado no primeiro governo de Trump era uma promessa da China de comprar mais produtos dos EUA para reduzir o déficit comercial bilateral com os norte-americanos. O agro avalia que seus produtos podem perder espaço em um cenário semelhante a este.
Sueme Mori ainda indicou que a CNA vê a tarifa recíproca de 10% como um “patamar mínimo” ao Brasil — ou seja, não acredita que poderá ser menor. A dirigente destacou que a elevação de taxas é utilizada por Trump para compensar a redução de impostos dentro dos EUA.
A diretora conversou com a CNN durante evento promovido pela CNA para debater cenário geopolíticos. O presidente da entidade, João Martins, participou de um dos painéis e disse acreditar que “o Brasil sairá bem” do momento global de instabilidade comercial, mas pediu cautela ao calcular resultados.