Com a chegada do segundo semestre, as projeções climáticas desenham um cenário desafiador para o Brasil. Segundo os modelos analisados, há tendência de chuvas abaixo da média em regiões estratégicas como o Sul e parte do Norte. Ao mesmo tempo, o calor deverá se intensificar, com temperaturas acima dos padrões históricos em praticamente todo o território nacional.
As previsões, elaboradas a partir da média dos modelos climáticos internacionais, apontam um padrão que se consolida já a partir de julho e deve perdurar até o final do ano. A exceção fica por conta de áreas isoladas do Sudeste e do Nordeste, onde o regime de precipitação tende a se manter próximo da normalidade.
No Sul, a redução nas chuvas acende um alerta. Historicamente sensível a eventos climáticos extremos, a região já foi severamente afetada por chuvas intensas no primeiro semestre, situação que ainda preocupa. Ao longo do segundo semestre, o risco se inverte: a falta de umidade pode comprometer a agricultura e pressionar reservatórios, especialmente no interior do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Na Amazônia, o sinal também é de preocupação. A manutenção de um quadro seco na região norte reforça a possibilidade de nova temporada de incêndios florestais. Para o final do ano, a estiagem também deverá afetar estados do nordeste.
Nas demais regiões, a tendência é de chuvas dentro da média ou mesmo um pouco superiores ao que seria esperado. Isso poderá auxiliar na recomposição dos fluxos d’água para os reservatórios, permitindo que tenhamos uma redução da tarifa de energia elétrica e possamos sair da bandeira vermelha atualmente vigente.
Se em algumas regiões a chuva falta, o calor sobra e todo o país. Os mapas de anomalia indicam uma elevação generalizada das temperaturas, inclusive nas áreas litorâneas. Em algumas localidades, os termômetros poderão registrar médias de até 2 °C acima do esperado. Esse fenômeno não somente impacta o consumo de energia, que tende a crescer com o uso de ventiladores e ar-condicionado, como também agrava o estresse hídrico e a saúde da população mais vulnerável.
Com esse quadro, o planejamento e a prevenção tornam-se ainda mais cruciais. Agricultores devem ajustar calendários de plantio e colheita, gestores públicos precisam reforçar estratégias de enfrentamento a eventos extremos e a população em geral deve se preparar para um segundo semestre marcado por instabilidade climática e extremos de calor. O clima está mudando, e os próximos meses trarão um novo teste de resiliência para o país.