O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, jogou a responsabilidade pela Selic, a taxa básica de juros do país, em 15% no colo da gestão anterior do Banco Central (BC), de Roberto Campos Neto.
“Na última reunião [de 2024] do Copom, de dezembro, foi estabelecido que ia ter um aumento forte”, apontou Haddad em entrevista à Record nesta terça-feira (24).
Na última quarta-feira (18), o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, fixando-a em 15% ao ano. Em dezembro, quando o BC colocou os juros em 12,25%, a autarquia indicou que levaria a taxa a 14,25% nos primeiros dois encontros de 2025, e que poderia seguir o ciclo de alta em sequência.
“Não dá para dar cavalo de pau em política monetária, se não perde credibilidade, perde o manche da economia. Tem que ter muita cautela”, ponderou o chefe da equipe econômica.
Questionado se o governo estaria desapontado com seu indicado ao BC, o ministro defendeu o atual presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, dizendo que o começo de seu mandato ainda “carrega memória do anterior”.
Ademais, citou a alta do preço dos alimentos no começo deste ano, o que teria pressionado o BC a manter os juros elevados.
A autoridade monetária utiliza a Selic para conter a inflação. A meta perseguida é de 3%, com tolerância de até 1,5 ponto percentual. Em maio, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 5,32% no acumulado em 12 meses.
Por outro lado, Haddad disse estar preocupado com o patamar restritivo da taxa de juros, temendo pela atividade econômica do país. “Todo mundo quer que o Brasil cresça acima da média mundial”, pontuou.