Entre os dias 20 e 22 de junho, juventudes indígenas, quilombolas, camponesas, universitárias, agricultoras, entre outros grupos, estiveram na Escola Família Agrícola de Porto Nacional para a formação Juventudes por Justiça Climática: Estratégias para adiar o fim do mundo. O evento faz parte do projeto da Coalizão Vozes do Tocantins por Justiça Climática para fortalecer jovens para os desafios da crise climática.
Para a participante indígena, Fabrina Apinagé, o termo “justiça climática” é novo, mas já faz sentido. “Quem precisa de justiça climática somos nós, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outras comunidades tradicionais” explicou. Sarah Guarani, egressa da EFAPN e militante, complementa que esses “são os que mais trabalham contra as mudanças climáticas e os que mais sofrem com ela”.
Além da compreensão do que é a Justiça Climática e da desigualdade na mudança do clima, a juventude também teve acesso a ferramentas como planos de incidência, mapeamento de atores e a comunicação. Participaram do curso cerca de 40 jovens tocantinenses e duas intercambistas e ativistas do Maranhão e Mato Grosso, que enriqueceram a formação.
O estudante João Victor Carvalho é um dos que saíram inspirados. “Eu gostei muito das brincadeiras e dos momentos divertidos, mas pra mim abriu meus olhos, me fez ter uma visão que eu não tinha e agora eu quero colocar em prática tudo isso, porque eu não vou esquecer amanhã, eu preciso fazer meu papel como humano e ajudar o Cerrado”, relata.
Dentre os problemas territoriais levantados pelas juventudes, destacaram-se o desmatamento, as queimadas, o impacto dos agrotóxicos na saúde da comunidade, a regularização fundiária, o saneamento básico, poluição, a seca e ondas de calor, a exploração ilegal e descontrolada de recursos naturais, a fome, entre outros. A realização do evento contou com apoio do Fundo Ecos, do Fundo Casa Socioambiental e do World Resources Institute.
Coalizão Vozes do Tocantins
Rede de articulação que atua desde 2022 por Justiça Climática no Estado do Tocantins. É composta por quinze organizações da sociedade civil com atuações diversas como na educação, na sociobiodiversidade, povos e comunidades tradicionais, movimentos sociais, assessoria, entre outros. Tem eixos de atuação a formação de juventudes, a incidência em políticas públicas e a comunicação.
Escola Família Agrícola (EFA)
É um modelo de educação do campo, originado na França, que se baseia na Pedagogia da Alternância. As EFAs buscam integrar a formação integral do jovem rural com as demandas específicas do campo, articulando o conhecimento escolar com a prática na comunidade e na propriedade familiar. No Tocantins atuam quatro EFAs, sendo a de Porto Nacional a mais antiga entre elas.