Um major de uma unidade de inteligência da polícia boliviana foi preso, na tarde desta quinta-feira (22), suspeito de dar proteção ao traficante Tuta, líder do PCC preso no último dia 16 de maio.
As informações foram noticiadas pelo jornal local ‘El Deber’, na manhã desta sexta (23), e confirmadas pela CNN. Gabriel Jesús Soliz Heredia foi detido por volta das 18h e é investigado por crimes de desvio de bens e serviços públicos, usurpação de função e abuso de influência. Ele possuía propriedades que não correspondiam a sua renda.
Segundo o veículo, câmeras de segurança do Serviço Geral de Identificação Pessoal (SEGIP) flagraram o agente no local com Tuta, no dia de sua prisão, para renovar seu documento brasilero com uma identidade falsa.
Nas imagens, o policial e Tuta são vistos juntos em diversos momentos no SEGIP. O major também é flagrado entregando um documento para o criminoso brasileiro.
Gabriel possuía um mandado de prisão em aberto, como informou o Promotor de Justiça do Departamento Fiscal de Santa Cruz de La Sierra, Alberto Zeballos Flores.
A prisão de Tuta revelou uma suposta rede de proteção que inclui o major da polícia boliviana e supostos vínculos com um político que estava detido na prisão – afirma o ‘El Deber’.
Investigação interna na polícia
De acordo com o veículo boliviano, o envolvimento do major em transações ligadas a Tuta também levou a uma investigação interna na polícia.
O policial prestou depoimento à Diretoria Departamental de Investigações Policiais Internas, como parte de um processo que pode resultar na demissão definitiva da instituição. Outros policiais foram chamados como testemunhas neste caso.
Nos últimos dois anos, ele liderou um grupo de inteligência dentro da Força Especial de Combate à Violência (Felcv). A investigação do MP aponta que ele ocupava cargos importantes em outras unidades especiais, incluindo a Força Especial de Combate ao Tráfico de Drogas (Felcn).
Tuta usava mentiras para se esconder na Bolívia e comandar PCC
O traficante “Tuta”, apontado como líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), usava informações falsas para se esconder na Bolívia e comandar o tráfico de drogas da facção direto do país vizinho.
O promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), confirmou à CNN que o criminoso e a organização usavam “contrainformações” para enganar as autoridades.
Segundo o promotor, que investiga o PCC há anos, a facção disseminava as mentiras de que Tuta estava morto e que ele havia sido expulso do PCC.
Marcos Roberto de Almeida estava foragido há cinco anos e foi preso em flagrante pela Polícia Federal em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, na última sexta-feira (16), quando tentava renovar uma identidade brasileira falsa. Após a prisão, ele foi transferido ao Brasil e alocado na Penitenciária Federal em Brasília, mesma unidade onde está Marcola.
Gakiya ainda explicou porque Tuta escolheu a Bolívia como refúgio. O promotor afirma que as fragilidades do país permitem a permanência não só de Tuta, mas de outros líderes da facção na região.