A investigação da Polícia Federal aponta que os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz receberiam lotes de terra e permissão para exploração das atividades da milícia, como “pagamento” pela morte da vereadora Marielle Franco (PSOL).
O relatório de 479 páginas da Polícia Federal cita que os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão exercem forte influência em ações criminosas, como grilagem de terra e o controle da milícia na Zona Oeste do Rio.
“Outro aspecto relevante reside na região em que estariam sendo desenvolvidas as ações criminosas, qual seja: a Comunidade do Quirim, na Vila Valqueire, bairro contíguo às áreas destacadas por Ronnie Lessa que seriam invadidas e loteadas pelos Brazão, que por sua vez instalariam um grupo paramilitar na região voltado à exploração do mercado imobiliário e demais atividades típicas de milícias, devidamente comandado pelos sicários, pagamento pela execução da vereadora”, diz trecho do relatório.
Em delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal, Lessa citou que as comunidades Rio das Pedras, Muzema e Tijuquinha eram algumas das áreas griladas pelos irmãos Brazão, cujos objetivos incluíam a formação de um “curral eleitoral” na região.
Uso do cargo eletivo para cometimento de crimes
Chiquinho Brazão foi eleito vereador do Rio pela primeira vez, em 2004. Desde então, obteve êxito nas eleições seguintes, deixando a Câmara de Vereadores somente em 2019, para assumir o mandato de Deputado Federal.
Segundo a Polícia Federal, enquanto era vereador, Brazão utilizou seu cargo para legislar em benefício próprio, como a regularização fundiária em áreas da zona oeste da capital fluminense.
“Durante todo o período na Casa Legislativa da capital fluminense, o político ocupou a Presidência da Comissão de Assuntos Urbanos, cujo objetivo reside em opinar sobre planos setoriais, regionais e locais, cadastro territorial do município, realização de obras e serviços públicos, bem como preservação das áreas verdes e de lazer. Tais atribuições estão intimamente ligadas a questões sobre ocupação do solo urbano, tornando a posição estratégica para tratar sobre regularização fundiária e questões afetas à grilagem de terras”, diz o relatório.
Segundo os investigadores, então colega de parlamento, Marielle Franco passou a questionar a atuação de Brazão, virando alvo declarado do vereador. Com medo de ter os negócios da família afetados, os irmãos Brazão teriam planejado o assassinato, aponta a PF.
A CNN tenta contato com a defesa dos envolvidos para falar sobre o caso.
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