Os passos que você dá todos os dias podem levar a uma redução nos sintomas de depressão, de acordo com um novo estudo publicado na segunda-feira (16) no periódico JAMA Network Open. O trabalho descobriu que um maior número de passos diários está associado a menos sintomas de depressão.
“Nossa pesquisa fornece mais evidências de que encorajar as pessoas a serem ativas, independentemente do tipo ou intensidade da atividade, é uma estratégia eficaz para prevenir a depressão”, diz o autor principal do estudo, Bruno Bizzozero-Peroni, pesquisador de pós-doutorado no Centro de Pesquisa em Saúde e Sociedade da Universidade de Castilla-La Mancha, na Espanha.
A pesquisa foi uma meta-análise que revisou 33 estudos envolvendo mais de 96.000 adultos. Os dados sugeriram que o número de passos relacionados à redução dos sintomas de depressão é menor do que se imagina, segundo Karmel Choi, psicóloga clínica e professora assistente da Harvard Medical School. Choi não esteve envolvida na pesquisa.
“Normalmente ouvimos que é bom dar 10 mil passos por dia, mas aqui, até mesmo 7 mil passos parecem se traduzir em uma melhora na saúde mental”, afirma.
Particularmente encorajador é que mesmo um pequeno aumento no número de passos diários pode ajudar — apenas mil passos extras em um dia podem reduzir potencialmente o risco de depressão futura em 9%, de acordo com Brendon Stubbs, pesquisador avançado do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Cuidados do King’s College London, em um comunicado. Stubbs não esteve envolvido no estudo mais recente.Play Video
No entanto, mais estudos são necessários, porque os estudos incluídos na meta-análise eram amplamente observacionais e focados na população em geral, e não em pessoas com depressão clínica, o que significa que os pesquisadores não podem afirmar se dar mais passos impacta a depressão ou se pessoas com depressão simplesmente se movem menos, segundo Choi.
Movimentos que funcionam para você
Embora existam lacunas na pesquisa que exigem mais trabalho, não é surpreendente que mais movimento tenha sido associado à redução dos sintomas de depressão. E dar mais passos não é a única forma de buscar uma melhora na saúde mental, de acordo com Choi.
“O número de passos é uma boa representação da atividade física, que tem mostrado consistentemente efeitos benéficos no risco de depressão”, acrescenta. “Dito isso, devemos lembrar que a contagem de passos capta melhor certos tipos de movimento, como caminhar ou correr, e pode ser menos adequada para capturar atividades como ioga.”
Os especialistas têm se interessado em expandir as recomendações de atividade física para torná-las mais flexíveis, levando em conta o que motiva cada indivíduo, segundo Choi.
Atualmente, as recomendações são baseadas no tempo, como 150 minutos por semana de atividade moderada a vigorosa.
“Escolha a métrica que mais te motiva”, afirma Choi. “Seja passos ou horas, a literatura sobre saúde mental sugere consistentemente que se mover, mesmo que um pouco, é melhor do que não se mover.”
Onde encontrar motivação
Muitas pessoas têm dificuldade em encontrar motivação para se exercitar — e adicionar a depressão a isso pode tornar ainda mais difícil começar.
Estabelecer metas e acompanhar a atividade nem sempre parece ajudar, segundo Michael Noetel, professor sênior da Escola de Psicologia da Universidade de Queensland, na Austrália, em uma reportagem anterior. Noetel não esteve envolvido na pesquisa de 2024.
“Em vez disso, acho que precisamos recorrer a sabedorias mais estabelecidas sobre o que funciona”, afirmou, destacando o suporte e a responsabilidade.
Você pode encontrar esse suporte ao entrar em um grupo de exercícios, contratar um treinador ou pedir a um ente querido para caminhar com você, completa Noetel. “Dar alguns passos em direção a esse suporte aumenta a probabilidade de você continuar”, diz.
E, seja seu foco o treinamento de peso ou a caminhada, é preciso tornar a atividade agradável para mantê-la a longo prazo.
“Seja gentil com seu ‘eu do futuro’ ao tornar o exercício o mais fácil e atraente possível, como ouvir um audiolivro ou fazer uma aula experimental em um estúdio de ioga”, recomenda Noetel.
Quanto mais você aproveita o treino, mais confiante estará para superar obstáculos relacionados ao exercício, o que significa que será mais provável manter uma rotina, de acordo com um estudo de 2015.
“E seja gentil consigo mesmo se for difícil — sempre esquecemos o quão fácil é a vida atrapalhar o exercício, então faça um plano reserva, como se sua felicidade dependesse disso”, diz Noetel. “Porque ela depende.”