Os distribuidores de aços planos do Brasil filiados ao Inda, entidade que representa o setor, devem elevar suas vendas em volume em 5% neste mês em relação ao forte desempenho de setembro, afirmou nesta quinta-feira (24) o presidente da entidade, Carlos Loureiro.
A expectativa do Inda é que as vendas dos distribuidores em outubro somem 343,5 mil toneladas, após 327,1 mil em setembro.
“O mercado (de aço plano no Brasil) está muito firme. As usinas estão com as carteira lotadas e não há falta de pedidos”, disse Loureiro, em entrevista a jornalistas, citando que as vendas devem crescer em parte por motivos sazonais uma vez que outubro é tradicionalmente um mês aquecido para o setor.
“O que elas (usinas siderúrgicas) reclamam muito é que estão com problemas de rentabilidade com os preços atuais. Com o dólar a R$ 5,70 está muito difícil para as usinas conseguirem resultados”, afirmou o executivo.
Os dados, que representam pouco mais de 70% das vendas de todo o mercado de distribuição de aço plano do país, vieram uma semana depois de siderúrgicas reunidas no Aço Brasil divulgarem crescimento de 10% na produção de aço bruto em setembro, em um desempenho puxado pelo segmento de aços longos.
Com a previsão para outubro, o Inda mantém expectativa de que as vendas dos distribuidores de aço plano este ano cresçam 3%. No acumulado do ano até o final do mês passado, o crescimento era de 2,7%, somando 2,95 milhões de toneladas.
Segundo Loureiro, o prêmio do aço laminado a quente no Brasil, ou o quão mais caro é o preço do aço nacional em relação ao material importado, está atualmente em cerca de 20%, o que tende a incentivar importações. Siderúrgicas costumam mencionar que uma situação de equilíbrio ocorre com prêmios mais próximos de 10%.
Com isso, apesar das medidas de proteção comercial que entraram em vigor em junho, as importações de aços planos devem encerrar um ano com um crescimento de mais de 10%, disse Loureiro.
Pelos dados do Inda, as importações de aços planos pelo Brasil de janeiro a setembro mostram alta de quase 16%, a 2 milhões de toneladas. O crescimento ocorre sobre o forte fluxo recebido no ano passado e que motivou toda uma mobilização do setor siderúrgico para convencer o governo federal a adotar o regime de cotas quadrimestrais e sobretaxas.
“Hoje tem mais de 240 mil toneladas de material no chão do porto de São Francisco (do Sul-SC), além dos line ups de navios que estão muito fortes”, disse Loureiro.
O presidente do Inda afirmou que, como os preços chineses seguem muito baixos, “os importadores estão ganhando muito dinheiro”, desta forma, as empresas que atuam com material produzido fora do Brasil estão correndo para fazer grandes pedidos antes do preenchimento das cotas de importação sem sobretaxa.
“Assim que abre o espaço para novas cotas, quem tem direito está colocando imediatamente seus pedidos para garantir a disponibilidade”, disse Loureiro, citando que a “única coisa que vai poder resolver o problema da importação no Brasil…é sair o antidumping”.
Segundo o executivo, os pedidos de antidumping feitos pelas siderúrgicas ao governo “estão andando, mas o processo de análise demora ao redor de seis meses”.
Enquanto a punição não é decidida pelo governo federal, o porto de Manaus, que não é atingido pelas medida de proteção comercial de junho, segue sendo uma das principais portas de entrada de aços planos importados, segundo os dados do Inda. Em setembro, o porto foi responsável por 15% do total de importação de planos pelo país, ou quase 70 mil toneladas. São Francisco do Sul liderou o ranking com participação de 32% no período, ou 144,5 mil toneladas.
“Se for declarado o antidumping, esses importadores, mesmo os da Zona Franca (de Manaus), vão ter de pagar” sobretaxa, disse Loureiro.
Na semana passada, o Comitê de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex) decidiu pela aplicação provisória de direito antidumping sobre importações de folhas de aço da China. O material é tradicionalmente usado em embalagens como latas e tem como principal fabricante nacional a CSN.
Loureiro afirmou que houve rumores sobre aumento de preço de aços planos em 5% em setembro no Brasil, mas as negociações não vingaram. “Tem conversa no ar de 5% (de reajuste), mas o momento é muito difícil para isso”, disse o presidente do Inda.
Os associados da entidade chegaram a representar 86% das vendas de aço plano por distribuidores do país no início dos anos 2000, mas desde então essa participação encolheu para os 73% atuais diante do crescimento das importações.