A ideia de expandir iniciativas que incentivem a educação financeira na escolas é uma tentativa de preparar os jovens para um futuro com mais consciência e melhor administração financeira.
Em maio deste ano o Brasil registrou a marca de 78,8% no nível de endividamento das famílias brasileiras, o maior desde 2022, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Na passagem de junho para julho, teve uma redução de 0,3 ponto percentual (p.p), alcançando 78,5%, mas ainda superior ao valor de 78,1% em julho de 2023.
Para a psicopedagoga e idealizadora do Projeto Banco Mais, Luiza Bandeira, a educação financeira nas escolas apresenta a oportunidade de preparação para que esses jovens cresçam sabendo como se organizar financeiramente a fim de que no futuro sejam adultos mais conscientes e menos endividados.
“Cada moedinha que a criança conquista, ela entende que tem a oportunidade de guardar e ir juntando com outras para conseguir gastar no futuro, ela vai ter uma visão muito mais economista do que uma visão de tudo que ela tudo que ela conquista ela tem que gastar”, explica a psicopedagoga.Play Video
Essa ideia da importância do reconhecimento do dinheiro desde cedo, fez com que Luiza idealizasse um projeto muito importante no município de Cabedelo (PB), o Banco Mais. Ele surgiu através de adesivos de dinheiro que a pedagoga colava nos cadernos dos alunos de acordo com o que eles acertavam do dever, percebendo assim um interesse por dinheiro.
“Com o passar do tempo, comprei cédulas de brinquedo e passei a dar para eles, mas percebi que eles iam perdendo e tive a ideia de montar um banco com eles. Através de um concurso, definimos as crianças que cuidariam desse banco e com o sucesso dessa iniciativa, nasceu o projeto tão grandioso que já virou referência Nacional, porque eu acabei desenvolvendo um material didático e esse material hoje está em uma editora e ela pode ser levar esse material para qualquer cidade”
Para além do economizar o próprio dinheiro, Luiza conta que as crianças passam a espelhar o que aprendem dentro do ambiente familiar. “Eles começam a colaborar dentro de casa, a serem os delegados domésticos, digamos assim. Começam a perceber o valor da conta de luz e de água, por exemplo, e entendem que redução de gastos assim, ajudam a garantir dinheiro para outras coisas também importantes, como o lazer.”
Nova geração
Representando a geração preocupada com o futuro financeiro, Maria Luiza Lira, mais conhecida como Malu Finanças, de 14 anos, é escritora e palestrante de educação financeira para crianças.
“Eu sempre gostei do dinheiro, eu sempre gostei dele porque eu sou do interior do Amazonas, de Apuí, e para mim o dinheiro sempre foi uma forma de ter uma vida melhor e de trazer uma vida melhor para minha família”, conta Malu.
Ela explica que a importância de ter acesso a esse tipo de educação ainda na infância é principalmente romper com a mentalidade que muitos trazem de dentro de casa, que é do descontrole financeiro e acumulo de dívidas.
“Muitas vezes a criança já vem com uma educação financeira, só que muitas vezes não é boa, muitas vezes ela se baseia seguindo o exemplo de casa da mãe gastando todo o dinheiro no cartão de crédito, do pai com dívidas, da família sempre discutindo por causa do dinheiro e ela vai criando a mentalidade que o dinheiro é algo ruim algo”
Com 9 anos ela começou a criar conteúdo de finanças na internet, aos poucos com o alcance passou a dar palestras e escrever livros para o público infantil, como o
“Finanças Para Crianças: Além da mesada”.
“O livro é para trazer isso de que educação financeira, não é só sobre mesada na realidade, mas ela pode ser uma ferramenta seu pai quiser. Tem outras maneiras de ensinar sobre isso como por exemplo, a criança pode começar a empreender, ela pode começar a observar o orçamento da família, começar a pensar como ajudara economizar nas contas dentro de casa e se for jovem começar a pensar sobre o jovem aprendiz, a economizar, investir…”
A jovem também é idealizadora do projeto “Malu na Escola”, que já é aplicado em mais de 100 escolas e tem como objetivo introduzir a educação financeira na vida das crianças e jovens.
“Esse projeto de ensino se baseia nos meus livros, então ele vai trabalhando cada livro para cada faixa etária e é desenvolvido para estimular o empreendedorismo, a economia, a criação de objetivos e de valores através da contação de histórias e fantoches. A gente também cria as simulações do ambiente para eles irem aprendendo sobre dinheiro e o valor que ele tem.”