A insônia é um distúrbio caracterizado pela dificuldade em iniciar ou manter o sono e pode afetar tanto a saúde física quanto a mental.
Segundo especialistas, ela raramente surge de forma isolada e costuma estar ligada a outras condições que precisam ser investigadas em conjunto.
Saúde mental e transtornos psicológicos
A ligação entre insônia e doenças psiquiátricas é uma das mais conhecidas. “Há uma relação bidirecional entre insônia e os transtornos mentais”, explica Rafael Vinhal da Costa, médico do sono e polissonografista do Instituto do Sono Neuromaster, em Brasília.
Ele destaca que pessoas com ansiedade ou depressão apresentam maior risco de desenvolver insônia persistente. No primeiro caso, a agitação mental dificulta o início do sono, enquanto na depressão são comuns despertares noturnos ou acordar antes do horário.Play Video
A médica Josie Velani, da clínica Metasense, também em Brasília, acrescenta que a qualidade ruim do sono favorece o agravamento da ansiedade.
“O sono é um pilar da saúde e merece atenção. Quando ele não é reparador, aumentam os riscos de hipertensão, alterações da memória e até acidentes”, afirma.
Doenças clínicas e cardiovasculares
A insônia também está relacionada a condições físicas importantes. Segundo Vinhal, ela pode acompanhar doenças como hipertensão, insuficiência cardíaca, diabetes, apneia do sono, dores crônicas e até Parkinson.
Os efeitos não se limitam a isso. Estudos mostram que noites mal dormidas elevam o risco de infarto, arritmias e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
A privação de sono ainda interfere no metabolismo, favorecendo ganho de peso, obesidade e resistência à insulina. “Tratar a insônia não é apenas melhorar o sono, mas também prevenir complicações cardiovasculares e metabólicas”, completa o especialista.
Quando investigar
A avaliação médica deve ser feita sempre que a insônia se tornar persistente. O distúrbio é classificado como crônico quando ocorre mais de três vezes por semana, por um período superior a três meses, trazendo prejuízos à vida social, profissional ou cognitiva.
Josie Velani reforça que qualquer alteração no padrão do sono merece atenção. “Muitas vezes são necessários exames para estabelecer o diagnóstico correto. A medicação nunca deve ser a primeira opção”, alerta.
Hábitos que ajudam a dormir melhor
Pequenas mudanças de rotina podem fazer diferença na qualidade do sono. Entre elas estão manter horários regulares para dormir e acordar, evitar cafeína e álcool à noite, reduzir o uso de telas antes de deitar e criar um ambiente silencioso e escuro. Também é indicado praticar atividade física regularmente, mas não próximo do horário de dormir.
“Hoje sabemos que tratar o sono é também tratar a saúde como um todo”, conclui Vinhal.