Quando a atriz Gaia Wise, 25, recebeu a ligação confirmando que havia sido escalada como protagonista do novo filme de animação “O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim”, ela gritou tão alto que seus vizinhos chamaram a polícia.
“As primeiras duas pessoas a descobrirem foram dois policiais de Camden”, ela relembrou em entrevista à CNN. “Eu disse a eles, ‘Consegui um novo trabalho!’ e eles me olharam como se eu fosse louca.”
No próximo filme dirigido pelo renomado diretor de anime Kenji Kamiyama, Wise dá voz a Héra, a mais jovem e única filha do Rei Helm Mão-de-Martelo de Rohan, interpretado por Brian Cox. Ambientado 183 anos antes dos eventos da trilogia live-action “O Senhor dos Anéis” de Peter Jackson, a história centra-se em Héra e na luta desesperada de seu pai para proteger seu reino, oferecendo aos fãs um novo capítulo na história da Terra-média.
Para Wise, uma autoproclamada tolkienista e fã de longa data dos filmes “O Senhor dos Anéis”, interpretar Héra é um “momento profundamente significativo”. “Eu amo os filmes. Assisto duas ou três vezes por ano. Sou fã de Tolkien, li os livros uma vez, e acho que agora como adulta devo voltar a eles”, compartilhou.
A atriz britânica de 24 anos, filha dos celebrados atores Emma Thompson e Greg Wise, apareceu anteriormente nos filmes “Tinha Que Ser Você” (2008) e “Por Aqui e Por Ali” (2015) antes de se aventurar no anime e conseguir o papel da princesa Rohirrim. “Espero que agora aqueles policiais vejam isso e pensem, “Ah, entendo por que ela estava gritando””, brincou.Play Video
Uma heroína no comando
Uma colaboração entre New Line Cinema e Warner Bros. Animation, o filme expande uma breve seção dos escritos de J.R.R. Tolkien, encontrada nos apêndices de “O Retorno do Rei”, onde a história de Helm Mão-de-Martelo é descrita em apenas duas páginas.
Héra, originalmente sem nome no texto de Tolkien, agora assume o papel central no filme — uma mudança inovadora, junto com seu formato animado, para a série aclamada pela crítica que cativou o público com suas adaptações de 2001 a 2003.
Enquanto a trilogia incluía personagens femininas memoráveis como Arwen (Liv Tyler), Éowyn (Miranda Otto) e Galadriel (Cate Blanchett), foi criticada por não colocar nenhuma delas no centro da história. Foi apenas com o lançamento da série Amazon Originals “O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder” em 2022 que a franquia introduziu protagonistas femininas nas telas de TV, com personagens como Galadriel e Bronwyn assumindo papéis principais.
Quando conhecemos Héra, seu mundo é jogado no caos quando Wulf (Luke Pasqualino), filho de um antigo aliado Freca (Shaun Dooley), chega com seu pai para pedir sua mão em casamento. Determinada e independente, ela recusa, e seu pai, o Rei Helm Mão-de-Martelo, rejeita a proposta imediatamente. A situação torna-se violenta quando Helm mata o pai de Wulf, desencadeando um conflito. Com a guerra eclodindo, Héra deve enfrentar o desafio, liderando seu povo contra as forças crescentes de Wulf da fortaleza nas montanhas que mais tarde se tornará conhecida como Abismo de Helm.
Para Wise, o filme traz uma dimensão mais humana ao Helm Mão-de-Martelo retratado nos apêndices de Tolkien. “Eles têm uma relação maravilhosa porque ela nunca o escuta. Mas ele aprende a escutá-la e confiar nela, o que adiciona uma bela história de fundo ao Helm que conhecemos”, disse ela.
Brian Cox, que interpreta Helm, admitiu que poderia se relacionar pessoalmente com o personagem, descrevendo o vínculo pai-filha no filme como um de seus aspectos mais comoventes.
“Tenho quatro filhos e uma filha. Não que eu não ame meus outros filhos mais ou menos, mas a relação de um pai com sua filha é especial. Não é como nenhuma outra relação”, disse ele.
Permanecendo fiel ao mundo de Tolkien
Philippa Boyens, produtora e consultora de história do filme, além de co-roteirista e co-produtora das trilogias “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit”, afirma que estava claro desde o início que Héra pertencia ao centro desta história.
De acordo com Boyens, ela “conquistou seu lugar” neste capítulo da franquia.
“Quando você analisa, ela é o coração do conflito que inicia a história. É literalmente um grupo de homens tentando decidir qual será seu destino. Sempre foi muito interessante questionar: “‘bem, como ela se sente sobre isso?’”
Boyens também destacou o papel de Héra em conduzir a tensão do filme, “nem todos os personagens sobrevivem à história, então ela carregava esse peso – será que ela poderia superar, sobreviver? Tornou-se óbvio que ela é a escolhida.”
Embora animado, Boyens enfatiza que o filme imerge rapidamente o público em um mundo familiar, explorando temas de honra, família e lealdade, junto com traição, ciúme e obsessão – todas características marcantes da narrativa de Tolkien.
“Tolkien sobrepõe história após história em “O Senhor dos Anéis”, então já tínhamos uma noção de como é a cultura dos Rohirrim. Também tínhamos a descendente de Héra em Éowyn, que é uma personagem tão amada, e a tradição das donzelas-escudeiras para nos basear,” explicou Boyens.
Os superfãs notarão o retorno de Éowyn nesta nova produção, com Miranda Otto reprisando seu papel para narrar o filme.
O termo donzelas-escudeiras, enraizado no folclore escandinavo, refere-se às mulheres que pegavam em armas e lutavam ao lado dos homens em batalha. O filme mergulha mais fundo no folclore, mostrando Héra gradualmente abraçando e revivendo esse legado ao longo da história.
Como ancestral de Éowyn, Héra naturalmente convida a comparações com a personagem. Os fãs se lembrarão da icônica frase de Éowyn, “Eu não sou homem”, do terceiro filme live-action, “O Retorno do Rei”. Durante a Batalha dos Campos de Pelennor, uma Éowyn disfarçada confronta o Rei Bruxo de Angmar, que declara que nenhum homem pode matá-lo. Ela revela-se como mulher antes de desferir o golpe fatal.
“Eu não sou homem” é a grande frase final de Éowyn, e acho que Héra realmente incorpora esse espírito,” disse Wise. “As vozes das mulheres são importantes, e espero que as jovens usem este filme como uma porta de entrada para o mundo de Tolkien que eu conheço e amo.”