O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 29, que se o Brasil “perder” sua âncora fiscal, o trabalho da autoridade monetária ficará mais difícil e mais caro. Ele reforçou que, se houver queda de credibilidade na política fiscal no país, a expectativa inflacionária se deteriora e afeta a curva de juros no longo prazo.
Campos Neto repetiu que os bancos centrais do mundo terão uma “vida” mais difícil no curto prazo diante da dificuldade dos governos em reduzir gastos. Ele destacou a necessidade dos Poderes Executivos em “diminuírem” a agenda fiscal.
“Quando a gente fala que precisa de harmonia, a parte fiscal ainda está tímida na volta. A gente não vê, globalmente falando, um debate muito maduro nem nos poderes Executivos e Legislativos sobre necessidade de fazer fiscal”, avaliou.
Por outro lado, o presidente do BC disse que participou de dois governos no Brasil e reconhece a dificuldade do Executivo em cortar gastos. “A estrutura de gastos no Brasil é muito rígida, a (despesa) discricionária (não obrigatória) é pequena”, disse.
Ele defendeu, no entanto, a necessidade de avançar em propostas que desindexem o orçamento e promovam maior flexibilidade administrativa.
Campos Neto disse que o investidor observa quatro aspectos de um País para a tomada de decisão: trajetória da dívida, capacidade de arrecadação extra, eficiência do gasto e crescimento estrutural. O Brasil, segundo ele, gera questionamentos em todos os pontos, já que tem crescimento estrutural relativamente baixo, dívida alta, carga tributária elevada e divergências sobre a qualidade do gasto.
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