O técnico Renato Gaúcho concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira, no MetLife Stadium, em Nova Jersey, palco da partida contra o Chelsea, pela semifinal da Copa do Mundo de Clubes. Um dia antes do confronto, ao ser perguntado sobre o vice-campeonato na Conmebol Libertadores de 2008, o treinador lamentou a perda do título naquele ano, mas tratou de virar a página ao afirmar que o Flu viajou ao Estados Unidos para fazer história desta vez.
– Eu acho que 2008 foi uma infelicidade muito grande, a gente ter perdido aquela Libertadores para a LDU. São coisas da vida, no momento que você faz uma final, ou você vai ser vencedor ou você vai perder, não tem meio tempo. Nós fizemos tudo certo, infelizmente nós perdemos. Então sempre que eu trabalho no clube, hoje no Fluminense, como foi naquela época, eu fico sempre para vencer, para ganhar. Estou tendo mais essa oportunidade aqui, o Fluminense está fazendo uma grande Copa do Mundo, está sendo um privilégio estar à frente desse grupo, estar à frente deste clube. Mas a gente veio para fazer história. Desde o início eu falei, a gente precisa acreditar na gente, a gente precisa acreditar no nosso trabalho, vamos sempre respeitar nossos adversários, são poderosos, financeiramente eles são bem melhores do que a gente, agora o futebol é decidido dentro do campo. Sempre respeitando o adversário, o que mais tem me deixado satisfeito no meu grupo são as atitudes, a entrega deles dentro do campo e os resultados estão aí.
Fluminense faz último treino antes da semifinal contra o Chelsea
Renato Gaúcho também afirmou que tem tentado desfrutar ao máximo a oportunidade de comandar uma equipe na competição, mas que os objetivos do clube ainda continuam e que esperar disputar a final do torneio.
– É um privilégio muito grande, para poucos. Não sei quando vou ter uma outra oportunidade novamente de estar à frente de um clubes disputando uma Copa do Mundo. Estou tendo essa felicidade, e para o meu currículo é sem palavras. Estou muito feliz por isso, e com o nosso sucesso. Não viemos só para participar, mas para vencer. Tão deixando, degrau a degrau, estamos em uma semifinal, e muitos não acreditavam na gente. Estou feliz por tudo, pelo meu grupo, torcida… Tenho que viver esse momento, meu grupo também. Temos que continuar fazendo história. Já fizemos até aqui? Sim. Estamos felizes? Sim. Representando bem o nosso clube? Sim. Mas queremos mais. Respeitamos muito o Chelsea, tem um grande time, não à toa está em uma semifinal também, terá sempre nosso respeito. Mas o nosso objetivo é fazermos a final. Temos adversários poderosos e vamos ver o que vai dar no final.
Fluminense e Chelsea se enfrentam nesta terça-feira, às 16h (de Brasília, 15h no horário local), no MetLife Stadium, em Nova Jersey. Quem vencer avança para a final da Copa do Mundo de Clubes.
Confira outras respostas de Renato Gaúcho
Mudanças de esquemas tático
– Depende muito do estilo de jogo também do adversário, depende dos atacantes que eles têm em campo, depende da maneira que eu coloco o meu time em campo, porque muitas vezes quando você joga com três zagueiros, o adversário também tem dois atacantes. Então sempre fica na sobra e é importante que os outros dois saem na caça, porque não adianta no momento que um atacante sai do adversário sempre para receber essa bola. Se o meu zagueiro não sair com ele, ele vai receber essa bola, vai virar e aí vai com certeza vai trazer problemas para a gente. Então muitas vezes é essencial isso. No momento que você tem esse esquema contra os zagueiros, é natural que um dos zagueiros do lado saio na caça, justamente porque ele sabe que tem a sobra do libero. Então por isso que eu falo, depende muito também do esquema do adversário e eu tenho visto também exatamente isso nessa Copa do Mundo, duelos individuais. Eles são jogadores com uma capacidade muito alta que você tem que evitar o máximo de dar espaço para eles, para que eles possam pensar.
Ídolo do Chelsea, Thiago Silva, do Fluminense, analisa reencontro com o ex-clube
Debate sobre parte tática
– Aí depende do ponto de vista de cada um. Alguns enxergavam, alguns não queriam enxergar e alguns enxergavam, mas não queriam elogiar. Aí eu respeito a opinião de cada um, e cada um tem que saber seu patamar, onde se encaixam nesses três que eu falei. Eu não conquistei vários títulos como treinador comprando os títulos, mas trabalhando. No Grêmio mesmo teve ano que eu implementei três ou quatro esquemas de jogo que deram certo. Nessa Copa do Mundo mudei o esquema duas vezes e deu certo. Estamos conseguindo os resultados em função do nosso trabalho.
– No momento em que assisto aos jogos, estudo o meu próximo adversário e preparo eles na parte tática, e faço com que eles façam o que é pedido, acho que isso é memorável. É um treinador que enxerga o jogo. Muita gente gosta de criticar, de falar de parte tática, mas a pergunta que faço é: quantos de vocês entendem de parte tática para criticar os treinadores? Será que vocês entendem tanto assim de tática? Será que entendem mais que um treinador? A gente convive com os jogadores quase 24 horas por dia. Essa pergunta vocês têm que fazer também porque é muito fácil criticar. Quando sai uma escalação vocês têm que dar uma opinião antes de começar o jogo. “Ah, não vai dar certo por isso”. Porque é muito fácil ser engenheiro de obra pronta. Terminou o jogo e ganhou, “ele acertou na escalação, o esquema foi muito bom”. Perdeu o jogo, “errou no esquema, escalou mal”. Aí fica muito fácil. Será que se pegarmos alguns de vocês e uns quatro ou cinco treinadores, ao vivo, e discutir parte tática e nós, treinadores, perguntarmos a vocês sobre tática… Vocês se garantem? Eu respeito a opinião de vocês, muitos entendem, mas muitos não entendem e querem criticar o treinador. Hoje, os treinadores brasileiros estão mais valorizados pelo trabalho que eu venho fazendo aqui, pelo trabalho do Abel, do Filipe e do Renato. Os clubes brasileiros fizeram um grande mundial. Infelizmente a gente enfrenta esses poderosos e a alguém tem que passar. Eles voltaram, mas fizeram um bom trabalho aqui também. Espero que os treinadores brasileiros estejam mais valorizados. Estamos resgatando o respeito pelo futebol brasileiro, pelos treinadores, porque muito se falar dos treinadores de fora. Mas os treinadores de fora montam seus plantéis com dois ou três jogadores em cada posição. E em termos de esquema fica mais fácil trabalhar com jogadores acima da média. E estamos fazendo uma grande Copa do Mundo sem ter esse poder aquisitivo.
Estudando o Chelsea
– Sem dúvida alguma eles têm o ataque muito poderoso. E, em tese, todo o time deles é muito bom, mas eu destaco o ataque deles. Dois atacantes muito rápidos pelos lados de 1×1 que eu gosto muito, tem o João Pedro que é um grande atacante, um meia que pensa muito o jogo. O ataque é muito poderoso. Eles têm muita velocidade e qualidade com a bola nos pés.
– Procurei analisar bem a equipe do Chelsea, não foi uma vez só, mas umas três ou quatro vezes. Conversei com meu grupo, os preparei taticamente para que a gente possa neutralizar as principais jogadas do Chelsea, que não são fáceis de serem neutralizadas. A gente sempre procura tirar as jogadas principais do adversário, mas com a bola a gente vai jogar. É o que temos feito nesse Mundial. Eu não posso tirar, de maneira alguma, a confiança que eu passo para o meu grupo. Gosto da posse de bola, que meus jogadores sejam objetivos. A gente vai respeitar o Chelsea, mas podem ter certeza qque a gente vai jogar. É o que temos feito nessa Copa do Mundo.
– Em relação ao esquema que vou colocar em campo amanhã vocês vão ver no momento. Estou conversando com meu grupo, com os líderes, e achamos que foi a melhor forma para neutralizar essas jogadas do Chelsea.