Nomes fortes do PT citam os termos “lealdade” e “confiança” nos bastidores, e querem defender o advogado-geral da União, Jorge Messias, como próximo indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Supremo Tribunal Federal (STF). O petista terá o direito de indicar mais um nome à Corte após o ministro Luís Roberto Barroso antecipar sua aposentadoria nesta quinta-feira (9/10).
Ele está entre os mais cotados. Também são citados o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas e o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Outro nome que ganha força nos bastidores é a ministra Daniela Teixeira, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O próprio Barroso teria defendido, para Lula, a indicação de uma mulher para sua vaga.
Voltando à situação de Messias, nomes do partido com bom trânsito com Lula dizem que ele conquistou espaço significativo entre os cotados para indicação. Lembram que ele esteve com o PT desde o governo de Dilma Rousseff, onde trabalhou como subchefe para Assuntos Jurídicos (SAJ) da Presidência. Citam que foi o pior momento da legenda desde que passou a ocupar o Planalto.
Foi no governo da petista, inclusive, que ele ganhou o apelido de “Bessias”. O jurista, que também trabalhou como procurador da Fazenda, foi citado dessa maneira na conversa entre Lula e Dilma grampeada no âmbito da Operação Lava Jato e divulgada pelo então juiz Sérgio Moro, hoje senador pelo União Brasil do Paraná.
O episódio ocorrido em 2016 estremeceu a República. Na ocasião, Dilma avisou a Lula que “o Bessias” estava indo ao seu encontro com a nomeação do petista para a Casa Civil, algo que deveria ser usado “em caso de necessidade”.
A manobra visava dar foro ao então ex-presidente, e o grampo, posteriormente reconhecido como ilegal, levou à anulação da nomeação de Lula ao cargo. Os petistas destacam que Messias, na ocasião, saiu desgastado do episódio, mas seguiu ao lado do PT.
Ele foi escolhido por Lula como seu AGU e tem orientado o presidente em episódios cruciais, como em disputas com o Congresso e na defesa das ofensivas comerciais travadas pelos Estados Unidos contra o Brasil.
Segundo fontes palacianas, Messias acertou em decisões críticas. Citam que foi a AGU quem defendeu acionar o STF contra a derrubada do reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Na ocasião, uma ala política do governo defendia o contrário, temendo comprar uma nova briga com o Congresso.
A ação rendeu frutos no STF. O relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, acolheu a manutenção da maior parte do decreto do governo, numa decisão que gerou expectativa de arrecadação de R$ 11,5 bilhões. O embate político também foi positivo e gerou uma inédita vitória da esquerda sobre Centrão e oposição nas redes.