A manhã do primeiro dia do Seminário de Economia Criativa do Tocantins, que acontece nesta sexta-feira, 29, no auditório do Palácio Araguaia Governador José Wilson Siqueira Campos, reuniu gestores, fazedores de cultura e a sociedade civil para discutir o papel da cultura como vetor estratégico no desenvolvimento social e econômico.
O evento, promovido pelo Governo do Tocantins via Secretaria de Cultura (Secult), continua durante a tarde e segue até amanhã, 30, no mesmo local.
Com receptivo realizado pela Cia de Circo Os Kaco, a programação foi aberta com apresentações dos Mensageiros do Divino Espírito Santo de Luzimangues e do grupo de suça Tia Benvinda, do município de Natividade, que trouxeram as raízes e tradições que compõem a identidade cultural tocantinense.
A mesa de honra contou com a presença de autoridades como o secretário estadual da Cultura Tião Pinheiro, o coordenador do Escritório de Representação do Ministério da Cultura (MinC) no Tocantins, Cícero Belém, o presidente do Conselho de Políticas Culturais (CPC-TO), Elpídio de Paula, e o coordenador-geral do Comitê de Cultura do Tocantins e presidente da Federação Tocantinense de Artes Cênicas, Kaká Nogueira.
Ao cumprimentar os presentes, o titular da Secult, Tião Pinheiro exaltou as tradições culturais, representadas pelas apresentações, e reforçou o potencial econômico da cultura.
“A cultura é mais que entretenimento. Ela tem um impacto de capital significativo e representa 3,11% do PIB [Produto Interno Bruto] nacional. Precisamos enxergar a cultura como uma força econômica que gera desenvolvimento”, declarou.
Ele também ressaltou o trabalho de gestores e fazedores de cultura na promoção de produtos culturais de relevância fora do estado, a exemplo do sucesso que os artesãos tocantinenses fazem nas feiras de artesanato que ocorrem ao longo do ano em vários cantos do Brasil.
Cícero Belém destacou o Tocantins como referência em políticas culturais e enfatizou a importância da economia criativa como eixo estratégico.
“A economia criativa perpassa várias camadas na construção da cidadania e direitos culturais. Parabenizo a Secult pelas ações que vem pontuando, como os seminários de arquivos e livros, e agora economia criativa”, afirmou, trazendo o abraço da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
A primeira palestra foi conduzida por Lala Deheinzelin (SP), futurista e pioneira no setor da economia criativa como estratégia de desenvolvimento e sustentabilidade.
Ela apresentou uma série de argumentos e propostas como solução para o desenvolvimento, destacando a cultura como o elemento que conecta todas as áreas, embora muitas vezes passe despercebida.
“A cultura é a liga entre tudo e por isso não é vista”, disse.
Após sua apresentação, uma roda de conversa foi montada junto a Tião Pinheiro e Cícero Belém, que ouviram e responderam as sugestões, apontamentos e questionamentos dos participantes.
O segundo momento foi conduzido por Luiz Chaffin (GO), no painel sobre “Música e Mercado: Desafios e Estratégias para Romper a Bolha da Indústria Musical”, que teve como convidados Fábio Rocha, da banda Trio Bacana, Dorivã e Malusa, que falaram sobre suas experiências e expectativas na música independente.
“O desafio da gente viver do trabalho autoral é, por exemplo, não conseguirmos manter uma equipe fixa, perene”, apontou Dorivã.
Pautas como a utilização da inteligência artificial na produção musical também estiveram entre os temas abordados durante a troca de experiências.
Nesta tarde, a programação segue com os painéis “Caminhos Para a Valorização da Produção Cultural“, com mediação de Cláudia Roberta, e “Fortalecimento do Desenvolvimento Local por meio de Projetos Socioculturais”, mediado pelo superintendente de Fomento e Incentivo à Cultura, Antônio Miranda.
Presenças
Também estiveram presentes no primeiro dia de seminário o tenente coronel do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins, Alex Matos; o secretário da Igualdade Racial Adão Francisco; as secretárias-executivas da Cultura Valéria Kurovski, do Turismo Jocélia Costa, e do Meio Ambiente, Mônica Avelino; o superintendente de Fomento e Incentivo à Cultura, Antônio Miranda; a superintendente do Iphan, Cejane Pacini; o presidente da Agência de Fomento, Portilho Prado; Vanessa Xerente, que representou o deputado estadual Eduardo Mantoan; Luzia Américo, que representou a titular da Setas, Cleuzenir Divina; o presidente da Ordem dos Músicos do Brasil (OBM-TO), Jeremias Moreira; o presidente do Sindicato dos Músicos do Tocantins, Rubenildo Ibiapina, e o diretor de Extensão e Cultura da UFT, Bruno Barreto.
Abertura oficial
Ontem (28) a Praça dos Girassóis foi palco de um momento cultural que deu início a programação artística do 1ª Seminário de Economia Criativa do Tocantins.
Famílias, amigos, trabalhadores que saíam do expediente e frequentadores da praça se reuniram para prestigiar uma noite repleta de música, homenagens e nostalgia.
O secretário-chefe da Casa Civil, Deocleciano Gomes, o secretário da Cultura Tião Pinheiro e o secretário da Igualdade Racial, Adão Francisco, subiram ao palco e deram o start no primeiro dia de programação musical, que segue até este domingo, 1º.
Ao explicar que o governador Wanderlei Barbosa não pôde comparecer, devido a uma agenda em Brasília, Deocleciano reforçou que o chefe do Executivo tem um olhar especial para a cultura.
“Esse evento coroa o trabalho que é feito pela gestão. O Tocantins hoje, além dos melhores índices nacionais na área do da geração de emprego, na área do crescimento econômico, do PIB, da retomada da infraestrutura, nas ações da saúde, da educação, do turismo, em diversas áreas, tem um olhar que incentiva e promove a cultura do estado”, disse.
“Estamos abrindo aqui hoje a programação cultural do seminário para destacar a força da cultura não só como entretenimento e sim como força econômica”, completou Tião Pinheiro.
Agenda musical
Com as palavras das autoridades, a noite foi oficialmente aberta e seguiu com a força dos Tambores do Tocantins, conduzidos pelo mestre Márcio Bello.
O som percussivo ecoou pela ala norte da Praça dos Girassóis e energizou o público presente, com músicas como “Raoni”, em homenagem ao cacique Raoni Mektutiri, do povo caiapó.
O segundo show da noite ficou por conta de AmazôniCantoria, um encontro de grandes artistas da música tocantinense que têm suas trajetórias entrelaçadas à cultura do estado: Dorivã, Juraíldes da Cruz, Lucimar, Braguinha Barroso e Genésio Tocantins.
Ao longo da apresentação, Genésio, ainda em recuperação após sofrer um AVC em janeiro de 2024, esteve no palco e, junto aos seus, interpretou sucessos como “Frutos da Terra” e “Ei Flor”.
Na sequência, o mineiro Zé Geraldo trouxe seu folk e rock rural característico e apresentou para a plateia clássicos como “Senhorita” e “Construção”, que fizeram o público cantar e relembrar os sucessos, conhecidos por gerações.
Quem fechou a noite foram os rapazes do Três Tons de Preto, que colocaram a plateia para dançar e entraram na madrugada com a mistura de ritmos brasileiros, indo do samba ao MPB.
A apresentação contou com uma participação especial de Paulo Sanches.
Mas não foi só o palco que brilhou. O público marcou presença e deixou registrado o que achou do evento. Gladson Ramos, professor que vive em Palmas há dez anos, disse que foi à praça logo após sair do expediente.
“Eu vim por causa do Zé Geraldo e o evento está muito bacana, é um ambiente legal para família. Aqui a gente escuta músicas que não são comerciais. Está muito bem feito”, disse.
“É a primeira vez que eu venho prestigiar um evento tão maravilhoso em relação à cultura no estado de Tocantins. Desde já parabenizo pela produção, está maravilhosamente bem. Me sinto muito confortável de estar aqui hoje, até mesmo porque precisamos ocupar esses espaços. Agradeço a todos e um ótimo evento”, disse Receba Oliveira, natural do Pará.
Já a artesã Daniela Azevedo, que trabalha há 20 anos com capim dourado, destacou o impacto da cultura em sua vida e falou sobre o que achou do início da programação.
“Está sendo um evento ímpar na minha vida, muito bacana, cheio de atrações maravilhosas, cultura que rejuvenesce e todos deveriam vir participar cada vez mais”, completou.
Programação musical
29/11
18h – Everton dos Andes
19h – Vozes de Ébano
20h30 – Vozes do Cerrado
22h30 – Geraldinho Lins
00h – Baião D2
30/11
18h – Taboka Grande
19h – Lucimar
20h – Dorivã
21h30 – Nilson Chaves
23h – Luiz Tupiniquim e Banda
00h – Paulinho Braga e Banda
01/12
18h – Eletra
19h – Impacto Latino
20h – Matheus Mancine
21h – Marlon e Muriel
22h – Trio Bacana
23h – Chico ChoKolate e Pedra de Fogo
