O mercado pecuário teve mais um dia de busca de uma base para os preços do boi gordo, pautado em um movimento de restrição de oferta pelos vendedores. Nesta quinta-feira (24/7), das 32 regiões pecuárias acompanhadas pela Scot Consultoria, 19 registraram estabilidade nas cotações e 13 tiveram quedas. Destaque para Mato Grosso, onde o recuo de valores foi geral em todas as praças.
Em Araçatuba (SP) e Barretos (SP), praças de referência para o mercado, após praticamente uma semana e meia com as cotações, esse foi o segundo dia consecutivo em que os preços se mantiveram estáveis para todas as categorias de bovinos, com exceção da novilha, que caiu na quarta-feira.
A Scot destaca que, na semana passada, a exportação de carne bovina in natura foi excelente, mesmo com o cenário das tarifas dos Estados Unidos. Ou seja, o setor de exportação, que corresponde por uma parcela considerável da produção paulista, continuou bom, o que também ajudou os compradores a se sentirem confortáveis em comprar boiadas. No entanto, o cenário ainda não é otimista.
Levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que os preços do boi gordo para abate estão em queda desde a virada de junho para julho, acumulando recuo ao longo deste mês em todas as praças acompanhadas.
Pesquisadores do Cepea explicam que as baixas refletem certo aumento da oferta de pecuaristas – devido à deterioração das pastagens nesta época seca – em um momento em que começam a aumentar as entregas de lotes confinados e a demanda tende a ter certo enfraquecimento. Nesta semana, esse comportamento esteve mais contido, com negócios saindo a preços mais estáveis que no período anterior.
Além disso, o Cepea lembra que, com a proximidade do final do mês, pioram as vendas de carne no mercado interno e também vai acabando o prazo para que a tarifa de 50% sobre as exportações aos EUA passe a vigorar, o que tem motivado muitas especulações.
O Centro de Estudos destaca ainda que, no caso do bezerro, as cotações estão em alta há cerca de um ano (desde agosto, em várias regiões), e a relação de troca de arrobas de boi gordo por bezerro tem melhorado sucessivamente para o produtor de cria ao longo deste ano.
Desde maio, segundo dados dos indicadores Cepea/Esalq, considerando-se médias mensais, são necessárias cerca de 9,5 arrobas de boi (a preços de São Paulo) para a compra de um bezerro (na referência de Mato Grosso do Sul). A valorização relativa do bezerro é uma das maiores da série histórica, havendo poucos momentos, desde o início do levantamento, no ano 2000, em que foram necessárias mais de 9,5 arrobas para a compra de um bezerro.