O corte de 5,6% no preço da gasolina as distribuidoras anunciado pela Petrobras nesta segunda-feira (2) gera divergência na visão de analistas sobre o tamanho do espaço que a estatal tem para reduções e posição do mercado brasileiro ante a paridade internacional.
A medida deixa o litro da gasolina em média R$ 2,85, recuo de R$ 0,17, a partir desta terça (3). Foi o primeiro corte na gasolina anunciado pela Petrobras desde outubro de 2023.
Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), afirma que a Petrobras “não deveria e nem poderia baixar o preço nesse momento”, diante da paridade do preço internacional, a lógica que equipara os preços domésticos ao mercado global.
Segundo o especialista, a Petrobras já estava com o preço defasado “há muito tempo”, e o anúncio do corte ocorre justamente em um momento de alta do petróleo no mercado internacional, ou seja, com pressão para aumento dos combustíveis.
Desde o início do ano, porém, a cotação do barril de petróleo brent, usado como referência na maior parte do mundo, soma queda acima de 15%.
Pelas contas de Rodrigues, o preço da gasolina no Brasil terá defasagem de 10% após o anúncio de corte da estatal.
“Do ponto de vista de mercado, não faz o menor sentido a Petrobras anunciar essa redução de preço na gasolina“, disse.
Dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) divulgados antes do anúncio de corte mostram que o combustível no Brasil era comercializado na média de 2% acima do mercado internacional.
Citando os dados da Abicom, o Citi pontuou que, com a decisão de cortar 5,6% no preço às distribuidoras, o cenário inverte para uma defasagem de preços mais barato no Brasil em comparação ao cenário global.
Em nota aos clientes, o Goldman Sachs citou que a decisão desta segunda aproxima os preços da Petrobras ao praticado ao redor do mundo.
“Vemos o anúncio de hoje como um passo em direção à convergência entre os preços locais e a referência internacional”, disse em nota.
Também em nota, a Argus, empresa especializada na produção de relatórios e análises de preços para o mercado de combustíveis, ressalta que o anúncio já era “amplamente esperado” em vista a trajetória de queda dos preços no mercado global.
“A redução deixa o preço em linha com as cotações internacionais, e não chega a inviabilizar a importação de cargas estrangeiras”, escreveram.