Partidos do Centrão sentem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou o “salto alto” após a recente recuperação de popularidade, e querem impedir que ele tenha condições de seguir caminhando dessa forma até a reeleição. Nesse sentido, essas legendas aproveitaram a análise da MP do IOF nesta quarta-feira (8/10) para dar um recado ao Planalto e mostrar que o governo chegará a 2026 sem pernas para correr atrás dos votos de pessoas que serão afetadas pelos esperados cortes no Orçamento.
A Medida Provisória 1303 trazia uma série de alternativas ao reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), com propostas arrecadatórias que poderiam dar um socorro de R$ 17 bilhões a R$ 35 bilhões nas contas públicas. Tudo isso taxando as chamadas bets, aplicações financeiras e letras de crédito do Agronegócio (LCA) e Imobiliária (LCI), entre outras frentes. Sem isso, há temor de cortes em programas essenciais, e com forte apelo popular.
A Câmara retirou a proposta de pauta, numa derrota para o governo. Ao adiar a votação, a MP perdeu a validade, pois precisava ser aprovada pelo Congresso até as 23h59 de quarta para se tornar permanente. Isso com apoio de diversos partidos da base, como o PSD e o Republicanos. Fechou a conta União Brasil e PP, que romperam com Lula, e caminham para expulsar os ministros que resistem a deixar seus cargos, além do PL e Novo.
Derrota no IOF
- MP do IOF foi retirada de pauta por 251 votos favoráveis e 193 contrários;
- Vários motivos levaram à derrota governista, incluindo o recado sobre “salto alto”;
- Mas outro fator foi um “revide” da Câmara com relação à PEC da Blindagem;
- Governo aposta que conseguirá vitória política, denunciando nas redes a resistência do Centrão a taxar os mais ricos;
- Rejeição da MP tira recursos do governo, e pode colocar em risco programas;
Os partidos do Centrão avaliam que Lula passou a colocar as negociações com as siglas em segundo plano. Lideranças dessas siglas entendem que as falas contra o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, não ocorreriam num contexto de governo enfraquecido. E tampouco o Planalto estaria dando de ombros para as siglas na minirreforma eleitoral, que caminha para contemplar apenas os partidos do núcleo duro governista.Play Video
Salto alto impede volta dos que não foram
Lideranças do União Brasil sentem que a situação com relação ao governo poderia ter tomado rumos diferentes, não fosse a fala de Lula contra Rueda. Citam que a decisão de rompimento com o Planalto ocorreu num momento de baixa do presidente, mas que de fato parte da bancada continuaria aberta ao diálogo, principalmente diante da melhora recente na avaliação do presidente.
Mas a porta ficou fechada pela desavença pública. Nesse sentido, o partido se viu obrigado a forçar a saída, de seus quadros, do ministro do Turismo, Celso Sabino. Nesta quarta a sigla acolheu duas representações contra o titular da pasta, que é deputado licenciado pela legenda.
A primeira versa sobre a dissolução do diretório do União Brasil no Pará, que deve ter um novo presidente anunciado em breve. A segunda trata sobre o processo de expulsão. Segundo fontes da legenda, a saída de Sabino não será sumária; passará por um processo de análise que deve durar dois meses.