A Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation – WOF) anunciou nesta segunda-feira (3/3) o lançamento do Atlas Mundial da Obesidade 2025 (World Obesity Atlas 2024), um relatório abrangente que revela dados sobre a epidemia global da doença. O documento apresenta projeções e ressalta a necessidade urgente de ações coordenadas em escala mundial. Em conjunto com este lançamento, a campanha global Mudar o mundo pela saúde é apresentada como um chamado à ação para transformar os sistemas que contribuem para a obesidade.
O Atlas destaca que, atualmente, mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo vivem com obesidade. Projeções indicam que esse número pode ultrapassar 1,5 bilhão até 2030, caso medidas efetivas não sejam implementadas. No Brasil, a situação é especialmente preocupante. Estima-se que 31% da população brasileira vive com obesidade, número continua a crescer de forma acelerada.
Vice-presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) e presidente eleito para WOF para 2026-2027, Bruno Halpern, enfatiza a gravidade do cenário. “Com 31% da população brasileira com obesidade, não dá mais para falarmos que cada um tem que mudar sozinho, que é a mudança individual. É necessário mudar os sistemas. Não adianta ficar no mesmo papo de ‘ah, cada um tem que ter consciência’. Temos que trabalhar juntos por uma mudança maior. Eu acho que essa é a mensagem principal”.
A obesidade não é apenas uma questão individual, mas um reflexo de sistemas de saúde, governamentais, alimentares e ambientais que precisam ser transformados. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025, prevê-se que 68% dos adultos brasileiros terão Índice de Massa Corporal (IMC) elevado em 2025, podendo esse número chegar a 119 milhões de adultos até 2030. A obesidade infantil também é alarmante: 12,9% das crianças entre 5 e 9 anos já estão acima do peso, indicando tendências preocupantes para as próximas gerações.
Em 2021, o país registrou 60.913 mortes prematuras atribuídas a doenças crônicas não transmissíveis relacionadas ao IMC elevado, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer. Isso resultou em 1.703.415 anos de vida prejudicados, impactando significativamente a saúde pública e a economia nacional.
Diante desses dados, a campanha Mudar o mundo pela saúde surge como um movimento essencial para reverter essa tendência. A iniciativa busca mobilizar governos, organizações de saúde e toda a sociedade para promover mudanças sistêmicas. Não se trata mais de responsabilizar o indivíduo isoladamente, mas de criar ambientes que favoreçam escolhas mais saudáveis e sustentáveis.
Como parte da campanha no Brasil, a Abeso, em parceria com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), lança o e-book gratuito Mudar o mundo pela nossa saúde, que tem como objetivo analisar e propor mudanças em políticas públicas, iniciativas privadas e diversos setores para criar sistemas mais eficazes na prevenção e tratamento da obesidade. A obra aborda desde ações globais de sustentabilidade, passando pela criação de infraestruturas urbanas que promovam a atividade física, até mudanças nas escolas e no ambiente doméstico para combater o estigma, incentivar uma alimentação saudável e promover hábitos benéficos à saúde.
“Os dados apresentados no Atlas Mundial da Obesidade 2025 são um alerta contundente de que precisamos agir agora. A obesidade é um desafio complexo que exige soluções integradas e colaboração global. Com a campanha, buscamos inspirar uma transformação profunda nos sistemas que influenciam a saúde das pessoas”, afirma o presidente da Abeso, Fabio Trujilho.
Atlas Mundial da Obesidade 2025
A Federação Mundial da Obesidade destaca que dois terços dos países estão despreparados para lidar com o aumento dos níveis de obesidade, com apenas 7% tendo sistemas de saúde adequadamente preparados. A obesidade está ligada a 1,6 milhões de mortes prematuras anuais por doenças não transmissíveis, superando as fatalidades em acidentes de trânsito. A federação projeta um aumento de 115% na obesidade entre 2010 e 2030, pedindo uma abordagem “de toda a sociedade”, com políticas como rotulagem de alimentos, tributação e promoção da atividade física. A situação é mais crítica em países de baixa e média renda.
Dia Mundial da Obesidade
O Dia Mundial da Obesidade, nesta terça-feira (4/3), é um dia unificado de ação que pede uma resposta coesa e intersetorial à crise da obesidade. Ele é convocado pela Federação Mundial da Obesidade em colaboração com seus membros globais. Centenas de indivíduos, organizações e alianças contribuem para o Dia Mundial da Obesidade todos os anos, envolvendo centenas de milhares de pessoas em todo o mundo. No Dia Mundial da Obesidade 2025, a Federação Mundial da Obesidade está chamando para Changing systems healthier lives, com ênfase na necessidade de coordenar setores e estratégias para implementar uma resposta holística e sustentada à obesidade.