A nova mistura de 15% do biodiesel no diesel fóssil, confirmada nesta quarta-feira (25/6) pelo governo federal, passa a valer em agosto e deve vigorar até fevereiro de 2026. Em março, a previsão legal é que a adição suba para 16%.
Confirmada essa expectativa, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), estima que a demanda por óleo de soja vai passar de 7 mil toneladas anuais (se fosse mantido o percentual de 14%) para 7,9 mil toneladas. Se o B15 for mantido ao longo do próximo ano, serão 7,5 mil toneladas anuais de óleo de soja.
Com isso, o consumo total de biodiesel deve saltar de 9,8 bilhões de litros em 2025 para até 11,3 bilhões de litros, nos cálculos do economista-chefe da Abiove, Daniel Furlan.
André Lavor, CEO e cofundador da Binatural, uma das principais produtoras de biodiesel do país, disse que a aprovação do B15 é uma sinalização positiva para a descarbonização do país em ano de COP30 em Belém (PA).
“Mostramos ao mundo que é possível conciliar desenvolvimento com sustentabilidade. O avanço da mistura obrigatória do biodiesel significa menos emissões, mais empregos, e renda para milhares de famílias da agricultura familiar”, disse, em nota.
“O biodiesel movimenta uma cadeia muito grande: fomenta inovação, reduz a dependência de fósseis e impulsiona a economia com impacto ambiental positivo”, completou.
Revolução
O presidente-executivo da Abiove, André Nassar, afirmou que o programa Combustível do Futuro, que ganha tração com a elevação das misturas, vai estimular uma nova “revolução agrícola” com a possibilidade de plantio de culturas oleaginosas na segunda safra. Atualmente, o principal produto deste tipo do país, a soja, usada para produção de biodiesel, é plantada no verão (primeira safra).
“O Combustível do Futuro vai estimular aquilo que o milho foi pioneiro, podemos ter oleaginosas de segunda safra. A indústria vai mostrar ao produtor que precisa de lavouras assim porque melhora a eficiência do ponto de vista de emissões”, afirmou durante evento no Ministério de Minas e Energia nesta quarta-feira.
“Acredito na diversificação de lavouras anuais de segunda safra sendo estimuladas pelas empresas que estão produzindo biodiesel, mas não só para olhar para o biodiesel, mas para o SAF (combustível sustentável de aviação, na sigla em inglês), HVO (óleo vegetal hidratado)e combustível marítimo.
Esse setor terá normas fortes de redução de emissão, comprovação e rastreabilidade, e a segunda safra tem muitas vantagens em relação à segunda safra”, acrescentou.
“Vamos ter uma boa revolução agrícola com oleaginosas de segunda safra”, concluiu.