Ao menos seis instituições públicas de arte e conservação de patrimônio foram afetadas pelos temporais e enchentes das últimas semanas na região central de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Governo do estado e prefeitura ainda calculam os danos.
“A princípio, as obras importantes foram preservadas, mas os reais efeitos da enchente só serão identificados quando o nível do rio [Guaíba] baixar. Mas ele voltou a subir”, disse a gestora de comunicação da Secretaria Estadual de Cultura, Camila Diesel.
Em alguns casos, como no Memorial do Rio Grande do Sul, o avanço da água foi tão forte que ela chegou a cobrir quase todo o andar térreo, alcançado a altura do peito de uma pessoa adulta.
A maior parte dos acervos foi transportada para andares superiores dos prédios das instituições, segundo o governo, logo após os primeiros alertas de fortes temporais serem emitidos.
“Já vínhamos movimentando obras e tomando medidas preventivas nos dias anteriores, e esse trabalho ficou mais intenso a partir da previsão da cheia histórica“, diz Francisco Dalcol, diretor-curador do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS).
Um dos alertas indicava como pior cenário a inundação da Praça da Alfândega, onde fica a instituição (veja o jardim da praça nas fotos acima).
“A operação de remover obras de arte é difícil e demorada, mas montamos uma força-tarefa emergencial, que trabalhou até o último minuto possível e conseguiu levar as peças para os andares de cima antes de a água chegar na praça”.
O trabalho surtiu o efeito esperado, já que todas as obras realocadas foram preservadas e continuam seguras nos pisos superiores, de acordo com Dalcol, que fez uma vistoria presencial no último domingo (12).
A força-tarefa também foi feita em outras instituições administradas pelo estado, mas o mesmo não aconteceu naquelas que ficam sob os cuidados da prefeitura.
Até o momento, as autoridades municipais ainda não conseguiram chegar de barco, por exemplo, ao Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo, segundo informou a assessoria de comunicação.
Não há indicativos do estado do prédio e nem das obras que ele abrigava. Também não há estimativa de quanto a recuperação do equipamento custará aos cofres públicos.
A Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), também foi afetada. Apesar da preservação das áreas administrativas, galerias expositivas e do acervo, os estabelecimentos comerciais da localidade sofrem grandes danos.
Na livraria Taverna, o mobiliário feito sob medida não pôde ser deslocado, mas parte do acervo de livros foi elevado. Mesmo assim, eles estão sofrendo efeitos da umidade. Também no nível da rua, a loja Andaime, o Luciamaria Cafés de Origem e o Térreo Bar e Restaurante foram danificados.
Esta foi a primeira vez que o CCMQ foi afetado por uma enchente. “Ainda é cedo para avaliarmos os danos, mas estamos atentos e mobilizados para pensar em linhas de reconstrução e de apoio a essa rede de pessoas afetadas pelo fechamento da Casa”, diz Germana Konrath, diretora do espaço.
O estacionamento do Complexo Multipalco do teatro São Pedro registrou acúmulo de água. Sem energia elétrica, o terceiro nível do estacionamento, que normalmente conta com bombas de drenagem, chegou a acumular cerca de 60 centímetros de água.
A equipe da administração do complexo utilizou geradores nos últimos dois dias para evitar o avanço do problema. Com o restabelecimento da energia elétrica no centro da cidade, as bombas voltaram a operar e o acúmulo da água foi controlado.
Entre as instituições de outros municípios gaúchos, o caso mais grave é do Museu Estadual do Carvão, onde todo o acervo de documentos que foram molhados foi levado para o congelador de um frigorífico.
Ao todo, 450 municípios gaúchos (mais de 90%) foram impactados pelas enchentes e sofrem com as consequências, segundo balanço da Defesa Civil divulgado na segunda-feira (13).
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