As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira (12) em alta ante os ajustes anteriores, acompanhando o avanço firme dos rendimentos dos Treasuries no exterior, que se recuperaram após desabarem na véspera na esteira de dados fracos sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos.
O fato de os EUA não terem anunciado — pelo menos por enquanto — mais medidas de retaliação ao Brasil, após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, trouxe certa calmaria aos negócios durante a tarde.
No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2027 estava em 14,03%, em alta de 2 pontos-base ante o ajuste de 14,017% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,315%, ante o ajuste de 13,272%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,45%, com avanço de 4 pontos-base ante 13,409% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2035 tinha taxa de 13,59%, ante 13,575%.
Na quinta-feira (11), a divulgação dos dados sobre pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, que somaram 263 mil na semana passada, acima dos 235 mil esperados, abriu espaço para a queda dos yields dos Treasuries, em meio à firme percepção de que o Federal Reserve caminha para cortar juros na próxima semana.
Nesta sexta-feira (12) os rendimentos dos títulos norte-americanos se recuperam, com o papel de 10 anos –referência global para decisões de investimento — chegando a subir 7 pontos-base no pico do dia, ainda que a perspectiva de corte de juros pelo Fed não tenha se alterado.
O avanço dos yields dava suporte às taxas dos DIs no Brasil, que atingiram as máximas pela manhã, com os agentes atentos ainda a possíveis retaliações dos EUA contra o Brasil, após Bolsonaro ser condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.
Em julho, ao definir tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, o presidente dos EUA, Donald Trump, citou como um dos motivos o julgamento de Bolsonaro, seu aliado. Na noite de quinta-feira (11), após a condenação, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que o país “responderá adequadamente a essa caça às bruxas”.
“Mercado esperava alguma retaliação mais forte do Trump, mas não saiu nada. No começo do dia, as taxas (dos DIs) abriram um pouco mais, agora está mais flat (estável)”, comentou durante a tarde Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos.
Perto do fechamento a curva brasileira precificava em 98% a probabilidade de manutenção da taxa básica Selic em 15% no encontro da próxima semana do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.
Pela manhã, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o volume de serviços prestados no Brasil cresceu 0,3% em julho sobre o mês anterior — a sexta alta mensal consecutiva do setor, que mostra resiliência em meio ao aperto monetário.
Na comparação com julho do ano passado, os serviços cresceram 2,8%, renovando o ponto mais alto de sua série. Economistas esperavam alta de 0,3% sobre junho e crescimento de 2,6% na comparação anual, segundo pesquisa da Reuters.
Às 16h34, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — subia 5 pontos-base, a 4,061%.