Após começarem a semana em direções opostas, os grãos operam em alta na bolsa de Chicago nesta terça-feira (17/6), impulsionados por fundamentos próprios dos mercados de milho, soja e trigo, que se sobrepõem ao impacto do quinto dia de conflito entre Israel e Irã.
O milho para entrega em setembro abriu cotado a US$ 4,22 por bushel, com alta de 0,84%. Embora o Irã seja um importante comprador do cereal de origens como o Brasil, a tensão geopolítica tem influenciado pouco os preços. Segundo a consultoria brasileira Agrifatto, a ampla oferta sul-americana — especialmente diante das estimativas positivas para a segunda safra no Brasil — tem pesado mais sobre as cotações em Chicago do que os desdobramentos do conflito.
Além disso, o bom andamento do plantio nos Estados Unidos contribui para a pressão baixista. De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), 94% da área estimada para a safra 2025/26 já foi semeada, em meio a condições climáticas favoráveis. Há também um movimento de realização de lucros e ajuste de posições por parte dos fundos especulativos.
Os contratos de soja com vencimento em setembro também registram ganhos, ainda que mais modestos, com valorização de 0,14%, negociados a US$ 10,7325 por bushel. O impulso vem principalmente do óleo de soja, destaca a Agrifatto. O derivado é beneficiado por uma proposta divulgada nos EUA para aumentar os percentuais obrigatórios de mistura de biodiesel ao diesel fóssil, superando as expectativas do mercado para as metas de 2026 e 2027.
Outro fator de suporte é o avanço do plantio da oleaginosa nos EUA. Segundo o USDA, a semeadura atingiu 93% da área prevista. O ritmo supera os 90% da semana anterior e os 92% do mesmo período de 2024, mas ainda está abaixo da média dos últimos cinco anos (94%) e das expectativas dos operadores, que projetavam 95%.
O trigo, por sua vez, é a commodity mais sensível à escalada de tensões no Oriente Médio. Nesta manhã, os contratos são negociados a US$ 5,5675 por bushel, com alta de 0,97%. Além do fator geopolítico, o mercado também reage ao ritmo lento da colheita do trigo de inverno nos EUA e ao declínio nas condições das lavouras, segundo a Granar. Dados do USDA indicam que a colheita chegou a 10% da área apta até ontem, avanço em relação aos 4% da semana anterior, mas ainda distante dos 25% registrados no mesmo período do ano passado.