O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME), decidiu adiar a decisão sobre a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3 pela Eletronuclear. A discussão sobre o tema deve ser retomada em reunião extraordinária prevista para o final de janeiro de 2025.
Conforme apurou a CNN, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, orientou o seu voto para a aprovação da retomada das obras. Durante a sua sustentação, Silveira propôs melhorar o modelo de governança da usina. O estudo sobre esse tópico será realizado pela Casa Civil.
O ministro do MME também propôs novas formas de financiamento para as obras de Angra 3. Os estudos devem ser realizados pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Em razão da necessidade para a realização de novos estudos, os integrantes do CNPE pediram mais tempo para analisar a resolução sobre a retomada das obras. O CNPE é composto por 17 ministérios e pela Empresa de Pesquisa Energética.
Em setembro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entregou à Eletronuclear estudos referentes à estruturação do modelo técnico, jurídico e financeiro da retomada do projeto de implantação da Usina Nuclear de Angra 3.Play Video
Segundo o BNDES, investimento necessário para conclusão da usina é de R$ 23 bilhões. A expectativa é que a usina entre em operação comercial em 2031. Por outro lado, o custo para abandonar a obra é de R$ 21 bilhões.
Outro impasse para a retomada das obras é o custo da geração de energia elétrica pela usina, considerada alta. A tarifa proposta no estudo está estimada em R$653,31 por megawatt-hora (MWh).
A CNN apurou que a taxa apresentada no CNPE nesta terça-feira (10) é R$ 640 reais por megawatt-hora (MWh).
Além de Silveira, participaram da reunião do CNPE os ministros Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão e Inovação), Renan Filho (Transportes), Simone Tebet (Planejamento) e Marina Silva (Meio Ambiente).
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não compareceu. Em seu lugar, vieram o secretário-executivo, Dário Durigan, e Marcos Pinto, secretário de Políticas Econômicas.
Estudo
O BNDES foi contratado pela Eletronuclear em 2019 para realizar o trabalho. O estudo contou com a participação de nove empresas. A primeira entrega foi realizada em novembro de 2022, quando os estudos foram submetidos à análise do Tribunal de Contas da União (TCU).
O estudo do BNDES também identificou que cerca de R$800 milhões em equipamentos de Angra 3 foram utilizados por Angra 2.
A obra de Angra 3 iniciou na década de 80 e ficou parada por vários anos. Em 2019, o empreendimento se tornou alvo da Operação Lava Jato, por suspeita de corrupção.