A atriz Samara Felippo deixou a sede da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), em São Paulo, por volta do meio-dia desta terça-feira (30), após prestar depoimento por cerca de duas horas acerca do caso de racismo praticado contra sua filha mais velha por colegas de escola. Demais envolvidos ainda serão ouvidos.
Na ocasião, a artista explicou a conversa que teve com a filha, na qual foi relatado o episódio de discriminação, e relembrou outros episódios similares que aconteceram anteriormente. Fotos do caderno da adolescente, onde teriam sido escritas ofensas de cunho racistas, foram entregues à polícia como prova.
“Outras situações que ela não quis denunciar, porque tinha medo, vergonha, não reconhecia aquilo como discriminação racial”, explicou a advogada de Samara, Thaís Cremasco, que acompanhou a cliente durante o depoimento.
De acordo com a defesa da família da vítima, a polícia ainda colherá depoimentos de representantes da Escola Vera Cruz, onde os episódios aconteceram, e dos responsáveis pelas duas alunas que teriam praticado atos racistas contra a filha de Samara.
O colégio foi notificado pela advogada e tem um prazo de dois dias para prestar esclarecimentos sobre o ocorrido e eventuais punições. As alunas foram suspensas, mas a atriz cobra punições mais severas, como a expulsão das garotas.
Em entrevista à CNN na última segunda-feira (29), Samara Felippo disse que não quer isolar as adolescentes que praticaram racismo contra a sua filha mais velha, “só não quero que as agressoras vivam no mesmo ambiente que minha filha”, relatou.
Ainda de acordo com a defesa da vítima, uma das alunas autoras deste ato de racismo foi retirada do colégio sob iniciativa dos responsáveis. Os pais da outra colega disseram que aguardam por uma decisão da escola quanto à punição.
Samara Felippo não falou com a imprensa após o depoimento. Ela saiu visivelmente abalada. Segundo a advogada, a atriz precisou relembrar diversos momentos difíceis envolvendo casos de racismo sofridos pela filha na escola.
Relembre o caso:
A atriz Samara Felippo denunciou que a filha de 14 anos foi vítima de racismo dentro da tradicional Escola Vera Cruz, na zona oeste de São Paulo. No dia 22 de abril, duas alunas pegaram um caderno da menina, que é negra, destruíram um trabalho que ela havia feito e escreveram uma ofensa de cunho racial em uma das páginas. Depois, o caderno foi devolvido aos achados e perdidos da escola.
A atriz registrou um boletim de ocorrência. A Secretaria de Segurança Pública disse que o caso foi registrado como preconceito de raça ou de cor na Delegacia Eletrônica.
De acordo com a atriz, a própria menina fez a denúncia à coordenação da escola assim que viu o caderno. O colégio então abriu uma apuração para identificar as autoras do ato, que só se apresentaram após uma ameaça do cancelamento de uma viagem que seria feita pelos alunos.
Após a identificação, o colégio suspendeu as alunas por tempo indeterminado e definiu que elas não poderiam participar da viagem. Porém, Samara cobra a expulsão das alunas.
Fotos do caderno foram apresentadas como provas à polícia.
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