Há muitos séculos, o sal tem sido utilizado para conservar e realçar o sabor de alimentos. Mas, apesar de fazer parte da história da humanidade, esse ingrediente é encarado como um vilão da saúde, principalmente se consumido em excesso. Diante disso, a busca por um tipo de sal “mais saudável” tem se tornado uma preocupação.
Sal light, sal rosa do Himalaia, sal marinho… Qual deles seria o melhor? De acordo com especialistas ouvidos pela CNN, a verdade é que todo e qualquer tipo de sal, quando consumido acima do recomendado, pode trazer riscos à saúde.
De acordo Cristiano Merheb, nutrólogo do Espaço Merheb (@espacomerhebmedicina), o consumo de sal em excesso pode levar à hipertensão. Consequentemente, a pressão alta pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares, como infartos, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e insuficiência cardíaca.
“Embora as maiores causas de doenças cardiovasculares não estejam relacionadas ao consumo excessivo de sal, tem que ter um limite”, alerta.
Esse limite já foi estabelecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde): 5 gramas de sal por dia, no máximo. Porém, o Brasil está muito acima desse limite, conforme pontua Fernando Nobre, cardiologista especialista em hipertensão arterial.
“No Brasil, o consumo de sal está em 12 gramas por dia, em média”, afirma. “Somente em torno de 2,5% da população consome o recomendado pela OMS. Essa é, entre outros motivos, a razão para termos 30% de adultos com hipertensão no país”, completa.
A taxa de mortalidade por hipertensão arterial no Brasil atingiu o maior valor dos últimos dez anos. De acordo com o Ministério da Saúde, os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 2021 apontam a ocorrência de 18,7 óbitos por 100 mil habitantes no país.
Sal light é a melhor opção, mas a quantidade é o que realmente importa
No supermercado, é possível encontrar diversos tipos de sal: sal comum (ou refinado), sal light, sal marinho e sal rosa do Himalaia são alguns deles. Mas qual é a diferença entre essas opções?
- Sal refinado: é obtido pela evaporação da água do mar, mas passa por processos de branqueamento e refinamento;
- Sal light: traz menos sódio em sua composição, sendo composto 50% de cloreto de sódio e 50% de cloreto de potássio;
- Sal marinho: resulta da evaporação do mar e não passa pelo processo de refinamento, o que o torna mais puro e com sabor menos salgado que o sal refinado;
- Sal rosa do Himalaia: proveniente das salinas do Himalaia, na Ásia, e é composto, além do sódio, por bicarbonato, cálcio, magnésio, potássio, brometo, sulfato e estrôncio.
Nobre explica que, pelo fato de sal light ter menos sódio e mais potássio, ele pode ser a opção mais benéfica para a alimentação. “Além de ter menos sódio, o que aumenta a pressão arterial, há mais potássio, que concorro para reduzi-la”, explica o cardiologista.
Um estudo recente mostrou que o sal light está associado a um menor risco de morrer prematuramente por qualquer causa ou por doença cardiovascular. A pesquisa foi publicada no início de abril, no periódico Annals of Internal Medicine.
No entanto, mesmo sendo uma opção mais saudável, é preciso ter cuidado com a quantidade a ser ingerida. “Existem dois problemas potenciais com o sal light: as pessoas usarem maiores quantidades em busca da mesma palatabilidade e, assim, comerem tanto sódio quanto o contido em outros tipos de sal; e o custo maior, o que pode fazer com que ele não seja utilizado pela população em geral”, comenta.
Isso vale para o sal rosa do Himalaia. “Ele apresenta outros minerais na sua constituição, mas não justifica seu uso generalizado”, afirma Nobre.