Os efeitos do tarifaço sobre as exportações brasileiras já podem ser observados na prática no porto de Santos, o maior do país.
Autoridades responsáveis pelo funcionamento do porto relataram à CNN que há uma corrida dos exportadores para embarcar seus produtos aos Estados Unidos antes do dia 1º de agosto, data prevista pelo presidente Donald Trump para que a taxação de 50% sobre as exportações brasileiras entre em vigor.
“Notamos esse primeiro impacto no porto já: uma corrida dos exportadores para antecipar ao máximo possível a entrega dos produtos”, disse à CNN o presidente da Autoridade Portuária do Porto de Santos, Anderson Pomini.
Os registros mostram, por exemplo, que houve aumento nos embarques de proteína animal por contêineres, da ordem de 96%, da primeira semana deste mês para a segunda. O movimento ocorreu nas exportações de carne bovina, frango, porco, miúdos e demais proteínas.
Já a exportação de café, sobretudo para os Estados Unidos, aumentou 17% no mesmo período. O embarque de celulose também cresceu, chegando a 49.400 toneladas nesta semana, sendo que, na semana passada, não houve embarques.
Ele afirma ainda que o movimento de caminhões no porto para embarcar os produtos cresceu cerca de 70% desde o anúncio do tarifaço.
“Como o Porto de Santos responde por, em média, 30% da corrente comercial do Brasil, e os Estados Unidos são nosso segundo maior cliente, trata-se de um sinal importante de que há uma corrida dos exportadores para escapar da eventual alta de 50% nas taxas, como anunciou o presidente Trump”, disse Pomini.
Ele afirma, porém, que não é possível dizer que a movimentação esteja sobrecarregando o porto de Santos.
“Não sobrecarrega porque a configuração do porto atende. Sobrecarregaria se houvesse esse movimento para todas as cargas ao mesmo tempo, mas como são menos itens exportados aos americanos, na prática, o porto tem infraestrutura para isso. Mas, claro, exige um esforço redobrado e ações do porto para atender essa demanda atípica em razão do tarifaço”, afirmou Pomini.