O dólar encerrou a sessão desta segunda-feira (16) em alta e volta a renovar a máxima histórica, mesmo após o Banco Central (BC) vender US$ 1,6 bilhão em leilão realizado pela manhã.
Este foi o terceiro pregão consecutivo com intervenção no câmbio e a maior intervenção feita pela autarquia no câmbio desde março de 2020, quando o BC vendeu US$ 2 bilhões.
O dólar fechou com alta de 1,04%, negociado a R$ 6,092 na venda, maior valor nominal de fechamento da história. Na abertura, a divisa chegou a operar em R$ 6,10, reduzindo para R$ 6,03 após conclusão do leilão.
Somente neste mês, essa é a terceira vez em que a moeda norte-americana atinge recorde de fechamento. Na última segunda-feira (9), o dólar bateu R$ 6,082 na venda, superando a máxima do pregão anterior, quando atingiu R$ 6,076.
Já o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, finalizou a sessão com recuo de 0,84%, aos 123.560,06 pontos, registrando o menor patamar desde junho deste ano.Play Video
Os investidores aguardam a divulgação na terça-feira (17) da ata Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que deve apresentar mais detalhes da alta de 1 ponto nos juros na semana passada.
O colegiado também sinalizou mais duas altas do mesmo porte nas reuniões agendadas para janeiro e março de 2025.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para discutir as medidas fiscais do governo que tramitam no Congresso. Haddad disse que Lula fez um apelo para que as propostas não sejam desidratadas.
Após o encontro, Haddad afirmou que o governo vai trabalhar para evitar uma desidratação das propostas durante a tramitação nas duas Casas.
“O apelo que ele [Lula] está fazendo é para que as medidas não sejam desidratadas. Nós temos um conjunto de medidas que garantem uma robustez do arcabouço fiscal. Estamos convencidos de que vamos continuar cumprindo as metas fiscais nos próximos anos”, disse Haddad a jornalistas.
No exterior, os mercados se posicionam para o anúncio da decisão do Fed na quarta-feira (18), em que se espera amplamente que o banco central dos Estados Unidos reduza os juros em 0,25 ponto, mas indique um ritmo mais gradual de cortes em 2025.
Temor fiscal
De acordo com o gerente de análises econômicas da Genial Investimentos, Yihao Lin, há pessimismo entre os investidores quanto à credibilidade das políticas fiscal e monetária do governo brasieliro.
Lin destacou que a dúvida se a nova diretoria do Banco Central, que toma posse em janeiro, irá perseguir a meta para a inflação, está no centro da queda dos preços dos ativos.
“Ao atacar as decisões do Copom, o PT e o governo apenas aumentam esta dúvida e, desta forma, confirmam a perda de credibilidade do Banco Central”, avaliou.
Já a reação de governo e PT à queda dos preços dos ativos após o anúncio pacote fiscal, acrescentou Lin, sinaliza aos investidores que, apesar do projeto anunciado ter sido considerado fraco e insuficiente para estabilizar a dívida pública, nada mais forte será aprovado pelo governo.
Isso “significa para os investidores que a relação dívida/PIB vai continuem crescendo a uma taxa insustentável”, afirmou, citando que tal ambiente cria uma “bola de neve”.
“As decisões são consideradas insuficientes, os agentes reagem com venda dos ativos brasileiros, os preços caem, o governo reage negativamente, os investidores interpretam esta reação como indicativo de que nada mais forte será feito, e os preços dos ativos voltam a cair.”