O dólar à vista caiu e renovou o menor patamar do ano nesta quarta-feira (11), com notícias de um acordo comercial entre Estados Unidos e China e, em especial, a inflação norte-americana abaixo do esperado em maio.
O dólar à vista caiu 0,53%, a R$ 5,5392 na venda, no menor patamar de fechamento deste ano. Este também é a menor cotação de fechamento desde 8 de outubro do ano passado, quando terminou em R$ 5,5334.
Já o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subiu 0,51%, a 137.128,04.
Cenário externo
O governo dos EUA informou mais cedo que seu índice de preços ao consumidor teve alta de 0,1% em maio em relação ao mês anterior, ante ganho de 0,2% em abril. Economistas consultados pela Reuters esperavam que o dado do mês passado repetisse a alta anterior.
Em 12 meses, a inflação ao consumidor chegou a 2,4%, um pouco acima dos 2,3% de abril, mas abaixo da projeção de 2,5%. No núcleo do índice, os números também foram melhores do que o esperado tanto na base mensal quanto no acumulado do último ano.
O resultado reforçou as apostas de operadores de que o Fed retomará os cortes de juros a partir de setembro, consolidando ainda a previsão de uma segunda redução na taxa até o fim do ano. Também houve alívio nos temores sobre o impacto das tarifas do presidente Donald Trump nos preços.
Juros mais baixos dos EUA implicam menores rendimentos nos Treasuries, o que torna o dólar menos atrativo ante os seus pares e favorece outras moedas mais arriscadas.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,23%, a 98,732.
Investidores ainda repercutiam acordo anunciado na noite de terça, em Londres, por autoridades norte-americanas e chinesas para aliviar as tensões comerciais recentes, flexibilizando controles de exportação e retomando uma trégua tarifária alcançada no mês passado.
O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse na véspera que o acordo alcançado em Londres removerá restrições sobre as exportações chinesas de minerais e imãs de terras raras e algumas das recentes restrições de exportação dos EUA “de forma equilibrada”, mas não forneceu detalhes.
Trump afirmou nesta quarta que o acordo dos EUA com a China está concluído, com Pequim fornecendo imãs e minerais de terras raras enquanto os EUA permitirão estudantes chineses em suas faculdades e universidades.
Cenário no Brasil
Na cena doméstica, o foco está em torno da participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em audiência pública na Câmara dos Deputados nesta quarta.
O mercado nacional demonstra cautela em relação às medidas anunciadas pelo governo no fim de semana para compensar a “recalibragem” do decreto que aumentos as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
No domingo (8), Haddad anunciou propostas que incluem a taxação de títulos hoje isentos e maiores cobranças sobre apostas esportivas e instituições financeiras. Ele ainda confirmou uma alíquota única de 17,5% sobre aplicações financeiras e previu aumentar tributação de Juros sobre Capital Próprio (JCP) de 15% para 20%.
Os agentes aguardam o avanço das medidas dentro do governo e o envio oficial para o Congresso.
“O que está pegando no mercado ainda é a questão do IOF. Temos que ficar atentos ao que o Haddad vai falar na Câmara”, disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.