A Latam Cargo, divisão cargueira da companhia aérea de mesmo nome, vem aumentando os volumes transportados de produtos agropecuários, graças a uma mudança de hábitos do consumidor, que passou a demandar mais produtos frescos, afirma o vice-presidente internacional para a América do Sul, Cláudio Torres. Frutas são as principais mercadorias levadas pelas aeronaves que partem de aeroportos brasileiros.
Em 2024, considerando todos os tipos de carga, a empresa movimentou 207,17 mil toneladas, conforme dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), aumento de 24,21% em relação a 2023: 166,79 mil. Os números incluem todas as divisões que movimentam mercadorias em aeroportos brasileiros. Entre elas, estão as filiais do Peru, do Equador, da Colômbia, além do Chile, Brasil e da Latam Mercosul.
Na operação brasileira, as frutas representam 60% a 70% das vendas de serviços logísticos. É um segmento que cresce entre 5% a 10% ao ano e deve manter esses níveis de expansão, diz Torres. “Depois da pandemia, mudou a percepção de consumo de frutas. Os mercados europeu e americano estão consumindo mais frutas frescas e o Brasil tem a produção certa para esses destinos”.
O transporte de produtos frescos e perecíveis é parte importante da história da empresa. Começou no Chile, ainda como LAN, com aspargos, salmão e frutas com caroço, como pêssegos e cerejas. Depois, expandiu para o Peru e o Equador, integrando outros tipos de pescados e flores. Em seguida, agregou a Colômbia.
Em 2012, após a fusão com a TAM que originou a Latam, essa expertise foi trazida para o Brasil. Os principais produtos são atum, tilápia, manga e mamão. Os aviões da empresa levam ainda ovos férteis, para mercados como o México. Os pescados vão, principalmente, para os Estados Unidos. Nas frutas, os principais destinos estão na Europa. Por semana, são 44 voos para o Velho Continente.
Frutas no topo
Levantamentos internos indicam que Latam Cargo responde por 22% das exportações de frutas por via aérea do Brasil. Só no mamão, a proporção chega a 25%. De 2022 para 2023, a movimentação de cargas no segmento com as aeronaves da empresa aumentou 33%.
“Gostamos de trabalhar com frutas e perecíveis e nos especializamos nesse transporte. Sabemos da importância de voar com um produto chegue o mais fresco possível no mercado consumidor”, diz Torres.
Do Brasil para a Europa, por exemplo, a logística é montada para que não leve mais de dois dias entre o recebimento da carga de frutas, seu transporte e sua liberação no mercado consumidor. E está nos planos percorrer rotas mais longas com o produto brasileiro. Claudio Torres explica que a Latam Cargo está mirando destinos na Ásia, onde a movimentação ainda é pequena em comparação com outras regiões.
“Estamos vendo uma movimentação importante para a Ásia. Está acontecendo com a cereja do Chile, e outros produtos do Equador e da Colômbia. Acreditamos que o Brasil tem produtos de qualidade para exportar para a Ásia. É um potencial muito grande”, analisa o vice-presidente da Latam Cargo para a América do Sul.
Levar frutas brasileiras de avião para os países asiáticos depende de dois fatores fundamentais, explica o executivo. Um deles é a abertura de mercados e a assinatura de protocolos sanitários, que demandam acordos entre os governos. O outro é a expansão da oferta de voos de passageiros para essas regiões onde a divisão de logística vê potencial também para o transporte de cargas.
“Operamos com aviões cargueiros, mas somos parte da Latam. Passageiros têm que crescer e temos que acompanhar. E, se há uma demanda por cargas superior à de passageiros em uma determinada região, aí se vê a possibilidade de usar cargueiros”, explica Torres.
No balanço do terceiro trimestre de 2024, a Latam informou que sua frota total passou a reunir 344 aviões, sendo 323 de passageiros e 21 cargueiros. A previsão para 2025 é chegar a 362 (343 de passageiros e 19 cargueiros) e para 2026, a 368 (349 de passageiros e 19 cargueiros).
Na operação brasileira da Latam Cargo, 95% dos voos com mercadorias para exportação são feitos em aviões comerciais, conciliando com o transporte de passageiros. A capacidade nesses voos varia de 20 a 30 toneladas de carga. Os outros 5% são com aviões cargueiros, que podem levar de 50 e 60 toneladas.
No aeroporto de Guarulhos (SP), todos os voos com produtos de exportação são de passageiros. A empresa também embarca mercadorias para o exterior em Fortaleza (CE) e Viracopos, em Campinas (SP). No sentido contrário, desembarca importados em Vitória (ES), Manaus (AM), Recife (PE), Confins (MG) e Florianópolis (SC).