O cantor Morten Harket, 65, vocalista da banda de rock a-ha, revelou aos fãs que foi diagnosticado com a Doença de Parkinson. O artista ainda contou que passou pelo procedimento chamado de Estimulação Cerebral Profunda (DBS), que melhorou seus sintomas.
O tratamento por DBS não é cura, mas sim uma tecnologia que serve cada vez mais de alternativa ao combate aos sintomas do Parkinson.
“O DBS é como um marcapasso cerebral”, compara Rubens Cury, neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein. O procedimento consiste na implantação de dois eletrodos em áreas específicas do cérebro, ligados por fios a uma bateria instalada na região do tórax. Essa bateria envia impulsos elétricos que modulam a atividade cerebral, ajudando a controlar sintomas motores da doença, como tremores, rigidez e lentidão.
Segundo Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional e pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o procedimento é indicado em aproximadamente 15 a 20% dos pacientes, porcentagem que corresponde àqueles em que o efeito da medicação não está mais presente.
“Chamamos isso de períodos de rigidez ou períodos de aumento do tremor. A cirurgia também é eficaz naqueles que apresentavam melhora com medicamentos, mas em determinado momento começam a ter complicações.”
As vias cerebrais onde o DBS age são similares às vias onde atua o remédio mais popular para controlar a doença, a Levodopa.
“Pacientes muito idosos também, acima de setenta e cinco anos, são pacientes que muitas vezes não lidam bem com o processo cirúrgico ou que apresentam quadros de demência diante de alterações cognitivas”, ressalta o profissional.
Para o procedimento cirúrgico, o profissional realiza pequenas aberturas no crânio para implantar os eletrodos com alta precisão, guiado por equipamentos computadorizados. “O paciente permanece acordado durante a colocação dos eletrodos, pois o cérebro não possui receptores de dor, e isso nos permite testar a eficácia em tempo real”, explica o Rubens Cury.
Após a fixação dos eletrodos e da bateria, o paciente recebe alta e retorna ao consultório em cerca de duas a três semanas para que o sistema seja ativado e calibrado. “A gente vai aumentando a energia aos poucos, como se estivesse acelerando um carro. Nos primeiros dois ou três meses já é possível observar melhora significativa dos sintomas”, conta o médico.
A resposta ao DBS, de acordo com os profissionais, costuma ser rápida e duradoura. Além de aliviar sintomas motores, o tratamento pode permitir a redução da dosagem de medicamentos e contribuir para uma melhora global na qualidade de vida do paciente. “Muitos voltam a realizar atividades diárias com mais autonomia, dormem melhor e participam mais da vida social e familiar”, ressalta Cury.