Especialistas ouvidos pela CNN descartaram eventuais impactos da crise na Síria com a tomada de poder pelos rebeldes no mercado de petróleo.
A avaliação é que, embora esteja ladeada por grandes produtores árabes e do Oriente Médio, a Síria já não tem mais muita relevância no mercado internacional e um dos motivos para isso é a queda drástica na produção de barris de petróleo.
Fontes distintas de informação apontam que a produção despencou depois da guerra civil do país em 2011, chegando a menos de um décimo do que era produzido treze anos atrás.
Outro fator destacado é o constante clima de instabilidade sócio-política, que já estaria “precificado” no mercado internacional.
“A instabilidade deve ser pequena dada a pequena produção e demanda”, sugere o ex-diretor da Petrobras, Claudio Mastella.Play Video
“Os impactos [devem ser] mais indiretos no equilíbrio de forças Rússia, Ocidente e países do Oriente Médio”, acrescenta ele.
A CNN ouviu cinco especialistas que acompanham o setor diretamente e monitoram preços e movimentos do mercado global.
Eles classificaram a produção de petróleo da Síria como “irrelevante” ou “marginal” e só avaliam que o cenário pode mudar caso a crise se alastre pela região, o que não está previsto no momento.
Sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura vai além: sugere que nenhum impacto deve ser gerado no mercado pela crise. Essa é a mesma avaliação do conselheiro da Petrobras, Francisco Petros.
“Acredito que não altera [o mercado]. A Síria não é parte direta na influência sobre o preço do petróleo”, diz ele.
O presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis também vai na mesma linha. Ele sugere que sem impacto na demanda, o preço no mercado global também seguirá mantido.
“A Síria já foi um importante produtor de petróleo, mas teve uma queda muito grande nos últimos anos. Então hoje não é significativa, não. Eu acredito que essa instabilidade é mais política, porque tem diversos grupos lá e a gente não sabe ainda exatamente como é que vai ficar a gestão, como é que vai ficar o poder, mas no petróleo não acredito em grandes impactos não”.
Em queda na última sexta (6), o preço do brent está cotado a cerca de US$ 71, valor significativamente inferior a outros momentos de conflito, como da Rússia com a Ucrânia. Em maio de 2022, depois da deflagração da guerra entre as duas potências nesse mercado, o barril chegou a ultrapassar US$ 121.