A vasectomia é atualmente um dos métodos mais comuns de esterilização, ou seja, a cirurgia impede o homem de ter filhos. Ainda que cirúrgico, o procedimento não requer internação hospitalar, é um método seguro para evitar a gravidez, não necessita a interrupção do ato sexual e a cirurgia é mais simples que a laqueadura de trompas femininas. No entanto, apesar de suas vantagens, muitos homens ainda relutam em se submeter ao procedimento por medo e desinformação.
A procura pelo procedimento tem crescido, refletindo uma mudança de atitude em relação à responsabilidade masculina na contracepção. A vasectomia é um método de esterilização masculina que tem ganhado atenção como uma opção de contracepção segura e eficaz, além de contribuir para uma melhor qualidade de vida, tanto no âmbito pessoal quanto nos relacionamentos.
Como funciona?
O médico aplica uma anestesia local e retira um fragmento de cada um dos dois canais que levam os espermatozoides dos testículos ao pênis. O procedimento leva de 15 a 20 minutos, podendo ser realizado no próprio consultório médico.
Muitos homens se recusam a fazer essa cirurgia porque imaginam que ela possa provocar efeitos colaterais na ereção. O corte do canal impede apenas a chegada dos espermatozoides até a uretra. O líquido produzido na próstata e na vesícula seminal continua sendo eliminado normalmente durante a ejaculação. Assim, a vasectomia torna o homem estéril, mas não interfere na produção de hormônios masculinos nem em seu desempenho sexual.
Irreversível?
Embora a vasectomia seja geralmente considerada uma forma permanente de esterilização, existe a possibilidade de reversão em alguns casos. O procedimento envolve a religação dos canais deferentes para permitir o fluxo dos espermatozoides novamente. No entanto, essa reversão não é garantida e depende de vários fatores, como o tempo desde a vasectomia, a técnica utilizada, a idade do homem e a qualidade do sêmen.
“Reverter a vasectomia é um procedimento mais complexo, demorado e caro do que a vasectomia inicial, e pode não ser coberto pelo plano de saúde ou pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, a vasectomia deve ser considerada uma decisão definitiva, recomendada apenas para homens que têm certeza de que não desejam mais filhos biológicos”, explica Ernesto Alarcon, cirurgião geral e especialista em Videolaparoscopia.
Risco de câncer
Um mito que ronda o procedimento é que a vasectomia aumenta o risco de câncer de próstata. Alguns estudos iniciais sugeriram essa associação, mas foram contestados por pesquisas subsequentes que não encontraram nenhuma ligação causal. Tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) afirmam que não há evidências científicas que provem que a vasectomia aumenta o risco de câncer de próstata.
“Homens que realizaram ou pretendem realizar a vasectomia devem seguir as mesmas recomendações de prevenção e rastreamento do câncer de próstata que todos os outros: manter uma dieta saudável, praticar exercícios regularmente, evitar tabagismo e consumo excessivo de álcool, e realizar exames periódicos a partir dos 50 anos, ou antes, se houver fatores de risco ou sintomas”, orienta o cirurgião.
Além desse equívoco, outro é comumente divulgado: a vasectomia elimina a necessidade do uso de preservativos. O procedimento previne apenas a gravidez, mas não oferece proteção contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) como HIV, sífilis, gonorreia, clamídia, papilomavírus humano (HPV), herpes e hepatites.
Além disso, a vasectomia não é imediatamente eficaz após a cirurgia, pois podem restar espermatozoides nos canais deferentes. Por isso, é necessário fazer um exame de espermograma após cerca de três meses ou 20 ejaculações para confirmar a ausência de espermatozoides no sêmen. Até lá, é preciso usar outro método contraceptivo, como preservativos e anticoncepcionais, no caso das mulheres, para evitar uma gravidez. “É fundamental buscar informações confiáveis e conversar com seu médico. A vasectomia é uma escolha pessoal e responsável, que deve ser tomada com consciência e segurança.”