Neste domingo, 26, o Monumento Natural das Árvores Fossilizadas (Monaf), em Bielândia, distrito de Filadélfia, ao Norte do Tocantins, recebeu visita de representantes da Universidade Estatal de Tyumen (UTMN), da Rússia, e da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), campus de Araguaína.
O supervisor do Monaf, Hermísio Alecrim Aires, conduziu a visita que foi iniciada pela sede da Unidade de Conservação (UC) e concluída na zona histórico-cultural, no Afloramento de Fósseis Vegetais – Buritirana. Hermísio apresentou a UC à comitiva numa contextualização sobre sua localização, categoria, importância histórica e científica, assim como o principal atrativo que são os afloramentos de fósseis. A visita faz parte da programação do acordo de cooperação técnica entre UTMN e UFNT.
A comitiva da universidade russa foi liderada pelo vice-reitor Andrei Tolstikov, que elogiou a qualidade do material fóssil presente na localidade. “Estou tremendamente chocado com a grandeza, a importância e a qualidade do material fóssil vegetal que vi aqui. É imensurável! É um lugar com um cenário espetacular e singular. Certamente temos aqui um dos maiores patrimônios de fósseis de árvores do planeta. Nunca vi nada igual. Nunca tinha presenciado fósseis assim em toneladas. Certamente não consigo mensurar ainda, quão importante para a história natural da terra são esses registros aqui ao alcance de todos. São incríveis esses registros fósseis de um período tão remoto da história do planeta terra. O que vi aqui é muito importante para a comunidade científica mundial, para o Brasil e também para todas as nações, conhecer e entender o que aconteceu ainda na Pangeia”, declarou.
A UTMN é uma das principais instituições de ensino superior da Rússia e o acordo com a UFT pretende estabelecer colaboração abrangente em várias frentes, como o desenvolvimento de projetos de pesquisa.
Sobre o Monaf
Há alguns milhões de anos o Tocantins abrigou uma floresta que hoje é considerada um dos maiores registros de vegetais fossilizados do mundo.
O Monaf, sob gestão de Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), recebe este nome em função da existência dos sítios paleontológicos e arqueológicos onde são encontrados os fósseis de árvores como pteridófitas, esfenófitas, coníferas e cicadácias. Os fósseis são chamados de “Pedras de Pau” pela comunidade local.
Esses fósseis são uma peça essencial do patrimônio científico mundial, de grande importância para estudiosos que investigam florestas, o clima e a ecologia planetária do período Permiano. Entre os elementos paleobotânicos do Monumento, as samambaias arborescentes são destaque. No Neopaleozóico, essas plantas se distribuíram amplamente pela Terra em comunidades de plantas higrófilas de terras baixas, com uma notável diversidade de padrões morfológicos, anatômicos, ecológicos e de crescimento. Os vegetais fósseis são encontrados em afloramentos que aparecem como “manchas” descontínuas pela área.
O alto índice de samambaias indica que a região central do Tocantins era uma planície costeira com um abundante sistema hídrico durante o período Permiano. O clima era tropical, mas apenas um estudo de campo mais detalhado poderá determinar se o ambiente era semelhante ao da Amazônia ou ao do Cerrado. Embora possa parecer que pouco mudou na região ao longo dos últimos milhões de anos, os chapadões indicam o contrário. Eles surgiram após a fossilização das árvores e provavelmente eram dunas de deserto que se transformaram em rochas, o que evidencia o valor histórico da Unidade de Conservação.
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