A atenção aos impactos ambientais relacionados aos hábitos de consumo do mundo já não é mais uma preocupação restrita a debates políticos e movimentos de ativismo. Essa apreensão tem chegado também na alimentação da população, principalmente, daquelas pessoas que querem agir contra as mudanças climáticas. É nesse cenário que surgem os climatarianos.
Inspiradas nas dietas vegetarianas e veganas, que também possuem uma preocupação com o impacto da alimentação, a dieta climatariana tem uma atenção central. O estilo alimentar busca reduzir os efeitos ambientais nas escolhas das refeições, mas sem, necessariamente, eliminar totalmente produtos de origem animal.
O que é a dieta climatariana?
De acordo com a nutricionista Gabriela Sales Magnani, a dieta climatariana consiste em “hábitos alimentares que buscam reduzir o impacto ambiental das nossas escolhas à mesa, especialmente no que diz respeito às emissões de gases de efeito estufa e ao uso de recursos naturais”.
A nutricionista ainda explica quais são os princípios básicos da dieta: “Eles incluem priorizar alimentos produzidos localmente e de forma sustentável, reduzir o consumo de carne, principalmente a vermelha, evitar o desperdício, escolher alimentos sazonais e valorizar métodos de produção que respeitem o meio ambiente, como agricultura orgânica, por exemplo”.
Para Gabriela, o que difere a dieta climatariana de outras práticas, é que o estilo alimentar não exclui totalmente a proteína animal dos hábitos à mesa.
“O climatarianismo é mais flexível: não exclui totalmente produtos de origem animal, mas prioriza aqueles com menor impacto ambiental e incentiva um consumo consciente, equilibrando saúde e sustentabilidade.”
Impactos na mudança climática
A relação entre a alimentação e as mudanças climáticas é direta. Para Gabriela, a produção de alimentos responde por uma parcela significativa das emissões globais de gases de efeito estufa, especialmente a pecuária intensiva.
A nutricionista reforça que ao optar por alimentos de produção sustentável, consumir produtos da estação, apoiar produtores locais e evitar desperdício, conceitos aplicados na dieta climatariana, cada pessoa acaba contribuindo para a redução das emissões de carbono na alimentação.
Quando o assunto são os nutrientes, a especialista garante que é possível manter os valores nutricionais necessários. “A dieta climatariana, quando bem planejada, é equilibrada e rica em nutrientes, já que incentiva frutas, verduras, legumes, grãos integrais, leguminosas e fontes sustentáveis de proteína”, afirma Gabriela.
A profissional ainda explica que em alguns casos é importante uma orientação profissional para ajustar quantidades e garantir o aporte adequado de ferro, vitamina B12 e ômega-3, especialmente para quem reduz bastante o consumo de proteína animal.
Como adotar a dieta climatariana?
Para quem deseja começar sem mudanças drásticas, Gabriela recomenda alguns passos simples, como:
- Reduzir o consumo de carne vermelha;
- Substituir lanches industrializados por frutas e oleaginosas;
- Dar preferência a alimentos da estação e de produtores locais;
- Evitar desperdício, planejando compras e aproveitando integralmente os alimentos.
Essas pequenas alterações no dia a dia já fazem diferença significativa tanto para a saúde quanto para o meio ambiente.
O desafio da conscientização contra as mudanças climáticas
Para a nutricionista, a conscientização dos brasileiros sobre a relação entre comida e mudanças climáticas ainda é incipiente. “Muitas pessoas já entendem a importância de reduzir o consumo de carne ou evitar o desperdício, mas ainda não fazem a conexão direta entre alimentação e aquecimento global”, observa.
Iniciativas de educação alimentar, reportagens e projetos de incentivo a sistemas alimentares sustentáveis têm papel fundamental nesse processo. Como lembra Gabriela, as escolhas diárias influenciam diretamente o futuro do planeta e isso inclui, literalmente, o que é colocado no prato.