Nos três primeiros meses deste ano, como de praxe, o agronegócio manteve-se como um dos motores da expansão da economia brasileira. O setor cresceu 11,3% em comparação com o trimestre imediatamente anterior, um desempenho bem superior à estimativa de analistas: a mediana da projeção de 73 consultorias e bancos ouvidos pelo Valor era de aumento de 8,8%. O Produto Interno Bruto (PIB) geral do país cresceu 0,8% no primeiro trimestre, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mas, em relação aos três primeiros meses de 2023, o agro teve queda de 3%. É verdade que já se esperava um recuo: os bancos e consultorias previam retração até maior, de 4,5%, segundo o Valor, o que significa que mesmo esse resultado foi positivo, ainda que tenha sido um declínio.
O grande adversário do agro no primeiro trimestre deste ano foi o clima adverso, que afetou lavouras de soja e milho, duas das principais culturas agrícolas do país, segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. Na edição mais recente de seu Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, de maio, o Instituto previu que a produção brasileira de soja vai encolher 2,4% neste ano e a de milho, 11,7%.
A pecuária se expandiu no primeiro trimestre, mas a atividade responde por cerca de 20% da agropecuária, o que faz com que sua capacidade de puxar o crescimento de todo o agro seja limitada. A agricultura é responsável por 70% do desempenho do agro, e produção florestal e pesca ficam com o restante.
Chuvas no Rio Grande do Sul
E o maior revés climático do país ainda não apareceu nas contas do PIB. Como as chuvas no Rio Grande do Sul, que afetaram mais de 200 mil propriedades rurais, estenderam-se de abril a maio, seu efeito sobre a atividade agropecuária só terá reflexos sobre os dados do segundo trimestre.
O Estado já estava na etapa final de colheita de soja. Com isso, o efeito das inundações sobre a cultura foi limitado. Ainda assim, o Rio Grande do Sul perdeu 2,7 milhões de toneladas da oleaginosa, segundo estimativa da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS-Ascar).
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