Os temporais que provocaram alagamentos e danos em várias cidades gaúchas no final da última semana também causaram transtornos aos produtores rurais do Estado. Embora as regiões mais afetadas pelas águas estejam em período de entressafra e, por isso, não sofreram fortes perdas na produção agropecuária, houve fortes danos em estradas vicinais, dificultando a circulação da população rural e causando prejuízos para os municípios.
Em São Lourenço do Sul, mais de 2 mil residências foram atingidas pela cheia do Arroio São Lourenço, que corta a cidade, e a prefeitura municipal decretou estado de calamidade pública. Segundo a Defesa Civil, o município registrou quase 200 milímetros de chuva em 48 horas.
No campo, a principal dificuldade foi o isolamento de propriedades e comunidade rural. Segundo Luis Weber, secretário de Desenvolvimento Rural de São Lourenço do Sul, o município possui cerca de 3500 famílias de produtores rurais, que se dedicam principalmente ao plantio do tabaco, arroz, soja, milho e criação de gado de corte e leiteiro. Essas famílias são atendidas por 2.800 quilômetros de estradas municipais. Com os danos causados pelas chuvas, muitas pontes e bueiros foram destruídos. “Tivemos grandes perdas em estradas de acesso às propriedades”, informa.
Weber calcula que o prejuízo aos cofres públicos apenas com os estragos nas estradas vicinais do município pode chegar a R$ 3,5 milhões. “Passamos oito meses com um trabalho para garantir as condições de ir e vir dos produtores no interior, e agora uma chuva leva tudo, literalmente, por água abaixo”, explica. Outra preocupação é com o possível assoreamento de lavouras devido às enchentes.
Além de São Lourenço do Sul, a Defesa Civil gaúcha também registrou alagamentos e danos em infraestrutura nos municípios de Cristal, Camaquã, Chuvisca, Dom Feliciano, Arambaré, Barra do Ribeiro e Cerro Grande do Sul.