O presidente chinês Xi Jinping prometeu nesta terça-feira (13) aumentar a presença da China na América Latina e no Caribe com uma nova linha de crédito de US$ 9 bilhões e novos investimentos em infraestrutura, embora o Brasil tenha alertado a região para não se tornar muito dependente de financiamento estrangeiro.
A segunda maior economia do mundo fornecerá 66 bilhões de iuanes (US$ 9,18 bilhões) em crédito aos membros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), disse Xi a delegados de cerca de 30 países reunidos em Pequim para a Reunião Ministerial Trienal do Fórum China-Celac.
“A China e os países da América Latina e do Caribe são membros importantes do Sul Global. A independência é nossa gloriosa tradição, o desenvolvimento e a revitalização são nossos direitos naturais, e a equidade e a justiça são nossa busca comum”, disse Xi.
Xi prometeu aos líderes, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o colega colombiano Gustavo Petro, que a China também importará mais da América Latina e incentivará as empresas chinesas a aumentar os investimentos.
O Fórum ocorre no momento em que muitos países da América Latina e do Caribe buscam negociar melhores termos comerciais com os Estados Unidos, após as tarifas do “Dia da Libertação” do presidente Donald Trump.
Xi reiterou a oposição da China às taxas, enquanto o presidente brasileiro pediu que a região não se torne excessivamente dependente das principais economias do mundo.
“É importante que a gente compreenda. Não depende de ninguém. Não depende do presidente Xi Jinping. Não depende dos Estados Unidos. Não depende da União Europeia. Depende, pura e simplesmente, se a gente quer ser grande ou a gente quer continuar pequeno”, disse Lula.
O Brasil, por exemplo, tem se alinhado mais estreitamente com a China, sentindo uma oportunidade de vender mais produtos agrícolas para o maior importador de alimentos do mundo, à medida que as compras dos EUA diminuem.
Dos US$ 240 bilhões em mercadorias que a China comprou dos países da Celac no ano passado, pouco menos da metade veio do Brasil.
O comércio bilateral entre a China e o bloco da Celac foi de US$ 515 bilhões em 2024, de acordo com dados da alfândega chinesa, acima dos US$ 450 bilhões em 2023 e de apenas US$ 12 bilhões em 2000.
Esforços
Pequim intensificou os esforços nos últimos anos para substituir os Estados Unidos como principal parceiro de desenvolvimento da região, embora a iniciativa global de infraestrutura de Xi tenha enfrentado desafios em alguns países, como o Panamá.
A China também vê a intensificação de seu envolvimento como uma forma de pressionar Taiwan. Sete dos 12 países que têm laços diplomáticos oficiais com a ilha, que Pequim considera uma de suas províncias, são da região.
O Haiti e Santa Lúcia, que reconhecem Taiwan, enviaram representantes a Pequim para a cúpula da Celac.
A nova linha de crédito, denominada em iuan, será bem recebida em muitas capitais regionais, dizem analistas, embora o financiamento não seja imediatamente útil para os países que estão lutando para pagar a dívida denominada em dólar.
“Eles estão fazendo muito mais negócios baseados em iuan como esse, especialmente para acordos de swap de crédito que facilitam para o país tomador de empréstimo fazer transações em RMB (iuan) em vez de dólares”, disse Eric Orlander, cofundador do China-Global South Development Project.
“Acho que é possível argumentar que se trata de uma vitória para a América Latina, no sentido de que obter acesso ao capital não é mais tão fácil como antes.”
O financiamento é pouco menos da metade do valor oferecido por Pequim durante o Fórum inaugural China-Celac em 2015. Conforme sua economia desacelerou, diminuiu também como sua disposição de emprestar.
Xi também anunciou que as viagens sem visto serão estendidas a cinco países, sem especificar quais.