O fio condutor do desfile de uma escola de samba, seja na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, ou em qualquer outra passarela do samba no Brasil, é enredo. É a partir da história que a escola se propõe a contar que se organizam as alas, os carros alegóricos as fantasias, por exemplo, e o samba-enredo. E entre os muitos temas abordados, estão o agro.
Seja a valorização do homem do campo, a celebração da importância de uma fruta ou grão na cultura nacional, ou até louvando o solo de onde saem os alimentos, o meio rural esteve presente diversas vezes no carnaval paulistano e no carioca. Relembre alguns desses desfiles.
2024: Mancha Verde (SP)
Com o enredo “Do nosso solo para o mundo: o campo que preserva, o campo que produz, o campo que alimenta”, a escola de samba derivada da torcida organizada do Palmeiras celebrou a agricultura familiar, destacando aspectos da personalidade e cultura típica rural. Com o desfile, a escola da Barra Funda – bairro da zona oeste de São Paulo – ficou em 5º lugar no Grupo Especial, garantindo participação no Desfile das Campeãs.
2024: Mocidade Independente de Padre Miguel (RJ)
A agremiação da zona oeste carioca homenageou este alimento que não é uma fruta: o caju. O pseudofruto (parte avermelhada e suculenta) e a castanha constituem esse produto tipicamente brasileiro. O desfile foi patrocinado por uma empresa com o nome do alimento. A escola ficou na 10ª posição.
2022: Acadêmicos do Tatuapé (SP)
O café, um dos produtos fundamentais para a economia brasileira ao longo de sua história, foi o tema escolhido pela Acadêmicos do Tatuapé em 2022. O enredo “Preto Velho Conta A Saga Do Café Num Canto De Fé” fez um paralelo entre o grão e o conhecido símbolo das religiões de matriz africana. A ideia foi levar para a avenida desde o momento da chegada do café ao Brasil até o atual, com o país liderando a produção e as exportações mundiais. A escola ficou em 12º lugar no Carnaval paulistano.
2022: Unidos da Tijuca (RJ)
A Tijuca cantou, em 2022, outro sabor que tem a cara do Brasil: o guaraná. Com um desfile colorido e muito animado, a escola trouxe para a Marquês de Sapucaí seguindo a história do fruto usando a linguagem das histórias infantis. Celebrou os povos indígenas, os primeiros a experimentar os benefícios do guaraná e responsáveis pela lenda em torno dele. Na classificação, a Unidos da Tijuca terminou em 9º lugar.
2016: Unidos da Tijuca (RJ)
Seis anos antes, a mesma Unidos da Tijuca também levava a temática rural para a Marquês de Sapucaí. Naquele ano, a cidade de Sorriso, em Mato Grosso, conhecida como a capital nacional do agronegócio e o município que mais produz soja no mundo. A oleaginosa e sua importância para a economia do país, claro, foram destaque no enredo. A escola foi vice-campeã do carnaval carioca de 2016.
2013: Unidos de Vila Isabel (RJ)
Há 12 anos, a Unidos de Vila Isabel, foi campeã do Carnaval com um desfile que celebrou o agro brasileiro. O samba-enredo “A Vila Canta o Brasil, Celeiro do Mundo – Água no Feijão que Chegou Mais Um” abordou a jornada do homem do campo e encantou tanto o júri quanto a arquibancada. A carnavalesca responsável foi Rosa Magalhães (1947-2024), uma das mais premiadas e reconhecidas do carnaval brasileiro. O desfile campeão da Vila foi patrocinado pela multinacional Basf.
2010: Rosas de Ouro (SP)
Não foi só na Sapucaí que uma escola foi campeã ao homenagear um tema rural. Três anos antes, a Rosas de Ouro foi a grande vencedora do grupo especial do Carnaval paulistano ao celebrar o cacau, matéria-prima do chocolate. Um dos carros alegóricos, inclusive, soltava uma essência, deixando todo o sambódromo do Anhembi com o aroma do doce.