O Banco Central do Brasil (BC) prevê uma desaceleração da economia norte-americana mais acentuada do que projeto anteriormente. A expectativa consta na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira (13).
“A incerteza se materializou muito maior do que esperado e se prevê, agora, uma desaceleração na economia norte-americana mais acentuada do que era esperado”, diz a ata.
Na ata, o colegiado ressalta que o choque das tarifas que vêm sendo anunciadas, apesar das tentativas de mensuração, ainda têm impacto incerto. Nesse contexto, o cenário já tem provocado mudanças nas decisões de investimento e consumo.
“As camadas de incerteza envolvem a própria determinação da política tarifária norte-americana, a resposta tarifária dos demais países à política tarifária norte-americana, a resposta das firmas a tais políticas, com possíveis impactos em cadeias globais de produção, e a resposta dos consumidores às mudanças de preços”, diz.
O Goldman Sachs, por exemplo, reduziu em abril a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano de 2025 para 0,5% e aumentou sua probabilidade de recessão de 12 meses de 35% para 45%.
A política comercial norte-americana contribuiu para a decisão da última reunião do Copom, em 7 de maio, que elevou a Selic para 14,75% ao ano. A decisão foi unânime.
Para o próximo encontro, o colegiado destacou ser necessário cautela adicional na atuação da política monetária. A reunião está marcada para os dias 17 e 18 de junho deste ano.
“Com relação à próxima reunião, o Comitê avaliou que o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, diz o documento.
Além da política externa, também contribuíram para a decisão cenário marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.
É o maior patamar da Selic para a economia brasileira em quase 20 anos. A última vez em que a Selic esteve neste patamar foi em julho de 2006. A reunião da semana passada foi a sexta de aperto monetário.
“A política monetária significativamente contracionista já tem contribuído e seguirá contribuindo para a moderação de crescimento”, diz a ata.